sexta-feira, 17 de julho de 2009

Pertencer!


Nos últimos dias não tenho tido grande tempo para escrever.

Dei por mim a vasculhar o baú de recordações deste blogue.


Fui ver o que tinha escrito no ano passado, neste mesmo dia.

Por incrível que pareça, as emoções são as mesmas.

De diferente? Apenas as perdas que nunca imaginei que ocorressem.


Por vezes pergunto a mim mesma o que me faz correr e lutar quando, por muito que faça, nada melhora.


Um dia, por mail, perguntaram-me porque razão eu gostava de Clarice Linspector.

Creio que a única resposta possível é que me identifico com aquilo que ela escreve. Porque ela consegue dizer por palavras, aquilo que eu sinto por silêncios. Como este texto:



"Se meu desejo mais antigo é o de pertencer...Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado em papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos. Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais forte. Muitas vezes a vontade intensa de pertencer vem em mim de minha própria força - eu quero pertencer para que minha força não seja inútil e fortifique uma pessoa ou uma coisa... Eu nem podia confiar a alguém essa espécie de solidão de não pertencer porque, como desertor, eu tinha o segredo da fuga que por vergonha não podia ser conhecido. A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver. Experimentei-o com a sede de quem está no deserto e bebe sôfrego os últimos goles de água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto mesmo que caminho!"



Porque, cada vez mais, me refugio no meu jardim...


4 comentários:

Ianita disse...

Dizes que por mais que faças as coisas não melhoram... Já pensaste que se não fizeres nada as coisas podem piorar?

É tudo uma questão de perspectiva :)

Beijinhos

NI disse...

Ou a diferença entre ser optimista e pessimista.

:-)

Beijos

Tinta Permanente disse...

Por vezes dou comigo a pensar que nunca saí do meu (jardim)...

Beijinhos

NI disse...

Tinta, eu por vezes tenho a ousadia de sair do meu jardim. Quanto mais não seja para constatar se ainda estou viva. Mas, a verdade, é que os picos das rosas doem menos.

:-)

Beijos

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Porque não defendo:guetos, delatores pidescos, fundamentalismos e desobediência civil. Porque defendo o bom senso