sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Bom Ano de 2008

"O sonho e a esperança são dois calmantes que a natureza concede ao ser humano."
Voltaire


Que 2008 seja pleno de sonhos e de esperança para todos os Amigos

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Pensamento da semana

"A quantidade de preconceito que cada um de nós tem é inversamente proporcional à de inteligência."
Jefferson Luiz Maleski


Portanto, utilizem a vossa inteligência e os vossos sentimentos para algo bem mais interessante. Uma boa semana para todos.

Durante o Natal,lembrei-me várias vezes deste episódio..



Dia 23 de Dezembro de 2007
Local: Feira Nova da Póvoa de Varzim.

Tivemos nós (eu e a minha mulher) a "brilhante" ideia de ultimar os preparativos da ceia de Natal com umas derradeiras compras de última necessidade (nem sei se é assim que se diz..) ao Feira Nova da Póvoa,quando vimos no hangar principal um aglomerado enorme de pessoas amontoadas umas por cima das outras,com algum nervosismo estampado no rosto de algumas e muita ansiedade noutras.
Percebi imediatamente que estavam todos a disputar algo que estava a ser distribuído naquele local.
- Que estarão eles a distribuir? perguntou-me a minha mulher
- Não sei,mas pelo nervosismo e se bem conheço o meu povo deve ser esferográficas...respondi eu com alguns resquícios de cinismo..

Permanecemos os dois ao largo da confusão,observando a grandiosidade desse espectáculo com uma certa expectativa,quando de repente vemos um homem que (após conquistar finalmente o seu famigerado troféu..) consegue escapulir-se da multidão e exclama a sua enorme frustração!~

- Oh!!..afinal era só esta M*****!!!!! (Atirando o objecto para o chão..)

Olho para o chão e que vejo eu?
Um porta-chaves oferecido por uma empresa imobiliária...
(Daqueles que se pode comprar ás dúzias por 1 euro na loja do chinês...)

Naquele momento e já quase a chorar por causa das gargalhadas que por boa educação fui obrigado a conter,ainda tive a possibilidade de ouvir a minha mulher desabafar:
Valha-me Deus.....

domingo, 23 de dezembro de 2007

Genéricos da onça!!

Pois é...
Estes últimos dias tem sido verdadeiramente radiantes para mim,pois imaginem que já fui obrigado a solicitar os cuidados do meu dentista por 5 vezes e ainda preciso de lá voltar mais 5!!
Que grande quadra natalícia vou ter este ano,aí vou..vou!!

Ainda por cima (como um azar nunca vem só) tive a honra de conhecer finalmente os atributos dos nossos já famosos medicamentos genéricos.
O governo gastou uma pipa de massa para incentivar a população a adopta-los e faz todo o sentido,porque de facto é muito difícil alguém gostar deles!

Imaginem vocês que me fui receitado um antibiótico de seu nome:"Amoxicilina + ácido clavulânico 875mg + 125 mg em comprimidos"...

Já na farmácia fiquei deveras impressionado com o tamanho da caixa (os portugueses gostam de fazer tudo grande...hehehe..),mas uma vez em casa,quando vi os comprimidos,amaldiçoei instintivamente o bom gosto do meu dentista.
-Mas que raio é isto??(digo eu para a minha mulher) Isto só pode ser engano!! Em vez de comprimidos,receitou-me supositórios???
-Para tratar dos dentes tenho que meter esta m**** no cú???.. que raio de sorte a minha,pá!!

Peguei no boletim informativo que acompanha o medicamento e qual não é o meu espanto de saber que afinal aquilo era mesmo comprimidos!
- O ministro da sáude deve ser Gay de certeza!! (desabafei eu ainda..) ou então, é o meu dentista que está a tentar passar-me uma mensagem!

Minha gente,escusado será dizer que mesmo cortado em 2 não consegui tomar aquela porcaria!
Voltei a falar com o meu dentista e pedi-lhe os medicamentos do costume,mesmo que não fossem comparticipados e tivesse de pagar caro por eles.
- Pelo menos estes são confiáveis e consigo toma-los! (pensei eu..)

Eu gosto de comprar e defender aquilo que é produzido no nosso país para valorizar os nossos produtos e fazer crescer a nossa economia.
Mas também gosto de ser respeitado como ser humano que sou e a verdade é que não se deve brincar com a sáude de ninguém!!!
Por isso...se o governo quer estimular a comercialização de medicamentos genéricos,que aceite um conselho:

- já que não sabem copiar,pelo menos tentem fazer parecido!!!.

Caramba!...até nisto temos que ser medíocres??

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Um Feliz Natal para todos os Amigos que se deram ao trabalho de ler os meus devaneios

Poderia tentar encontrar lindas frases e pensamentos, ou mesmo poemas sobre o Natal.

Afinal, já tanta gente falou e escreveu sobre o Natal.

Poderia repetir aquele sentimento generalizado de que Natal deveria ser todos os dias.

Ou aquele de que o Natal é a esperança renascida.

Poderia dizer tanta coisa ou nada dizer. Porque o Natal é um estado de espírito, é um sentimento, é um regressar à nossa inocência infantil de que tudo é bom, de que os homens se entendem, de que a miséria vai terminar...

Dura algumas horas, é certo. Mas não prescindo deste sentimento.

Deixem-me ser a criança inocente só por umas horas.

Um Feliz Natal para todos os meus Amigos.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Chris Rea : Driving Home For Christmas

Agora que se aproxima o Natal, gostaria de partilhar convosco aquela que é, para mim, uma das músicas mais bonitas desta quadra. Espero que gostem

domingo, 16 de dezembro de 2007

Pensamento da Semana

"A mulher mais ciumenta é talvez a que mais facilmente atraiçoa o marido e menos tolera que ele a atraiçoe. Porque o ciúme é a afirmação de um direito de propriedade. E esse direito reforça-se com a traição dela e diminui-se com a dele."
Vergílio Ferreira

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

O ESTADO DA NAÇÃO - DISCUSSÃO DAS PROPOSTAS

Porque gosto de cumprir com aquilo que prometo aqui vão os meus comentários às propostas apresentadas pelo Pensador e pelo Carvalho Capela no estado da Nação.

Medidas do Pensador:

* Medida nº 1 - "Fiscalização no terreno" - Tem o meu total acordo.

* Medida nº2 - "Falência das empresas" - Eu aqui iria mais longe. Estenderia a limitação prevista na lei para constituição de novas empresas por um determinado período de tempo a familiares na linha recta.

* Medida nº3 - "Comissão de trabalhadores" - Concordo.

* Medida nº4 - "Anonimato das forças policiais" - Discordo. Por duas ordens de razão:

Em 1º lugar, hoje em dia existem já, em todas as forças de segurança, elementos que actuam ao abrigo do “anonimato” para prevenção e controlo de violência, bem como na área da investigação. Em 2º lugar porque entendo que o serviço público que está adjacente às forças de segurança passa, necessariamente pela política de proximidade. Por exemplo, o serviço de apoio aos idosos e às escolas: aquele agente que periodicamente passa na casa de um idoso a perguntar se está tudo bem e se precisa de alguma coisa, cria com aquele um sentimento de confiança e segurança. O mesmo serve para uma criança.

* Medida nº5 -"Rendimento mínimo garantido" - Esta questão sempre gerou controvérsia. Como princípio de discriminação positiva, isto é, no sentido de combater a pobreza, concordo. Penso que o problema assenta no procedimento de concessão e posterior fiscalização. Mas, também aqui, temos que ser claros: os abusos que se têm detectado resultam do facto de parte da população portuguesa gostar de viver à custa dos outros. É uma mentalidade tacanha que, infelizmente parece nunca mais acabar. Não tenho qualquer dúvida que para algumas famílias este subsídio é a diferença entre uma vida minimamente digna e a miséria e que sabem aproveitar da melhor forma o apoio que todos nós, com os nossos impostos lhe estamos a conceder. Como alternativa sugeria a pena de prisão, sem mais, para quem, por meios erróneos e abusivamente utiliza este apoio.De uma vez por todas, os prevaricadores deveriam pagar com pena de prisão o facto de enganar os seus concidadãos. E deveria pagar esta mania de “Chico esperto” com uma pena de prisão efectiva.

* Medida nº6 - "Ajudas a Família" - Concordo. Apenas alteraria um aspecto. Todos falam em apoios até aos três anos. Pergunto: porquê? É que, da experiência que tenho, os filhos começam a dar verdadeira despesa quando começam a estudar.

* Medida nº7 - "Respeito pelo Professor" – Concordo.

* Medida nº8 - "Educação para o futuro" – Por motivos que me escuso de referir, pedindo, desde já, desculpa ao Pensador e aos restantes participantes, não me pronunciarei sobre esta medida.
* Medida nº9 - "Formação no desemprego" - Concordo e, conforme já tive oportunidade de referir, está previsto em legislação recentemente aprovada. A propósito deste assunto saiu recentemente no Jornal de Notícias na sua edição de ontem mais uma notícia que dá conta do “chico espertinho” que grassa na sociedade portuguesa.

* Medida nº10 - "As Facturas" - Concordo, subscrevo...


Medidas do Carvalho Capela:

* 1ª Medida – Profissionalização dos Funcionários Públicos - Tornou-se hábito na sociedade portuguesa apontar como responsáveis de tudo o que mal acontece no nosso país aos funcionários públicos. Esquecemo-nos, antes de mais, que e, segundo dados do Eurostat, em Portugal, havia 4,8 milhões de pessoas a trabalhar, no ano passado, destes 737.774 são funcionários públicos. Isto é, cerca de 700 mil pessoas são responsáveis pelo mal que grassa na sociedade portuguesa. Os outros 4 milhões são a salvação.

Vejamos alguns dos serviços públicos: Tribunais, Saúde, Ensino, Finanças, Forças de Segurança. A maioria do povo português considera que há funcionários públicos a mais. Mas não estão sempre a dizer, igualmente, que há médicos a menos? Que há polícias a menos? Que os tribunais não funcionam porque há magistrados a menos? Em que é que ficamos? Outra ideia que trespassa a sociedade portuguesa é que os funcionários ganham mais que os outros trabalhadores, descontam menos e trabalham menos. Vamos lá ver: no funcionalismo público (até ao momento porque com as alterações legislativas que entrarão em vigor em 2008 a situação será diferente), existiam dois regimes: o geral e o especial. Mas as diferenças não ficam por aqui: temos que distinguir entre administração central e administração local. Vamos a dois exemplos para constatar se, de facto, um funcionário público aufere verdadeiras fortunas. E vamos para a administração local que é aquela que está mais próxima do cidadão e vejamos o salário mais baixo e mais alto do regime geral: 1º exemplo: um operário aufere no 1º escalão € 447.65 (ilíquidos)+ € 4.03 de subsídio de refeição (no último escalão, isto é no final de carreira, aufere € 744.99). 2º exemplo: um técnico superior aufere na 1ª categoria € 1.048.87(ilíquidos)+ € 4.03 de subsídio de refeição (no final da carreira aufere € 2.319.93 ilíquidos). Será que os dois funcionários descontam alguma coisa? Vejamos:Descontam para o IRS exactamente nos mesmos termos que qualquer outro trabalhador. Descontam para a Caixa geral de Aposentações 11,5 % do vencimento (para efeitos de reforma e baixa) + 1 % para a ADSE (complemento de saúde). Em matéria de descontos, o que acontece com os trabalhadores do privado: descontam 11% para a segurança social que engloba a reforma, o desemprego e a saúde. Em matéria de trabalho: será que os funcionários públicos trabalham menos que os privados? Penso que na função pública, como na privada, acontece o que se verifica em todas as profissões. Teremos bons e maus funcionários. Uns que, de facto trabalham e outros que não. O problema não reside, no meu ponto de vista, nos funcionários públicos mas naquilo que eu denominaria de “funcionalismo público paralelo”, isto é, gestores (a maioria não pertence aos quadros), assessores, consultores, membros de comissões criadas por tudo e por nada.

* 2ª Medida – Criação de um controlo aos Funcionários Públicos – pelo que atrás referi penso que o controlo deve ser aplicado mas aos “funcionários paralelos”.

* 3ª Medida – Redução dos Funcionários Públicos - Pelo que atrás referi entendo que o que se torna necessário não é reduzir mas redimensionar o funcionalismo público. Há serviços que têm pessoal a mais e outros que têm escassez de pessoal.

* 4ª Medida – Poder Industrial no Interior do País – Concordo.

* 5ª Medida – Criação de uma Empresa Automóvel de Marca Portuguesa –

* 6ª Medida – Diminuição do IVA em dois casos - Concordo. Medida interessante.

* 7ª Medida – Desenvolvimento das Energias Renováveis – Concordo e penso que nos últimos tempos algumas empresas municipais têm desenvolvido esta vertente.

* 8ª Medida – Construção de Barragens – Os meus parcos conhecimentos impedem-me de comentar esta medida porquanto desconheço se será esta a melhor forma de armazenar água. Penso, contudo, que as medidas imediatas devem estar relacionadas com políticas de redução de energia.

* 9ª Medida – Alterações na Idade da Reforma – este é um tema complexo porque entendo que a idade da reforma não deve ser encarada apenas por uma questão de idade mas em relação directa com a actividade que o trabalhador exerce. Vejamos como exemplo um profissional de construção civil. Será que uma pessoa de 68 anos terá agilidade para andar em cima de andaimes a mais de 100 m? Provavelmente não. Bom, como a idade de reforma para minha profissão é de 75 anos (isto se quiser a minha reforma por inteiro), e provavelmente não chego lá, confesso que nem me preocupo com isso.

* 10ª Medida – Aumento de Algumas Taxas Alfandegárias – Tenho dúvidas quanto a esta proposta devido às políticas comuns da união europeia.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

18 Anos? Já?!

11 de Março de 1989.

Como habitualmente, levantei-me às 6.10 h e arranjei-me num ápice. Afinal tinha que preparar o bloco informativo das 7.00 h. Sentia-me cansada. Culpei os noventa quilos que não me deixavam movimentar como queria.

6.50 h e chego à rádio. Bonito serviço, tenho 10 minutos para preparar as notícias. Tomo um café enquanto vou cortando as folhas carregadas de notícias da LUSA e riscando o que não interessa. Não há tempo para grandes elaborações.

7.00 h entra o indicativo, coloco os auscultadores e ligo o microfone. O técnico dá o sinal e começo a ler o noticiário. Oito minutos depois, bem mais calma, desço ao café do Sr. Manuel para tomar o pequeno-almoço. A manhã vai decorrendo como é habitual numa rádio.

10.30 h, saio da casa de banho assustada. Estou a perder um pouco de sangue. Será normal? Ligo ao médico que me manda ir de imediato para o hospital para ser vista por ele. Apanho o autocarro para o hospital S. João. Pouco tempo depois recebo o veredicto: entrei em trabalho de parto mas pode demorar um dia ou dois. Como? Mas ainda só estou de 38 semanas. Não deveriam ser mais semanas? - pergunto eu nos meus ingénuos 23 anos. Um sorriso complacente responde à minha pergunta. O importante é que vou para casa e só voltarei ao hospital se rebentar a “bolsa de águas” ou se começar a ter contracções.

Ora muito bem, o que faz uma mulher em trabalho de parto demorado? Depois de avisar a entidade patronal de que não vai trabalhar (como funcionária responsável que é), vai ao cabeleireiro fazer uma permanente para estar apresentável, pois claro. Os funcionários do cabeleireiro estavam bem mais nervosos que eu, garanto-vos.

Entre o cabeleireiro e umas compras de última hora o dia passa depressa. Já são 19.00 h e nada. Decido fazer o jantar para mim e para o futuro pai que, ingenuamente, pensa que ainda tem mais duas ou três semanas de noites bem dormidas. Eu, claro, prefiro mantê-lo na ignorância...

22.00 h, faço uma revisão à mala não vá faltar alguma coisa. Ainda é cedo para ir para a cama. Que tal fazer umas limpezas para estar tudo pronto?

- Não vens para a cama? Já são quase duas horas da manhã. – diz o futuro pai

- Vai tu. Vou daqui a bocadinho – respondo eu.

12 de Março de 1989, são 2.35 h, estou eu aqui a fazer limpezas e acabo de sujar o chão. Percebo agora o que querem dizer com “bolsa de águas”. Torna a limpar menina. Quem suja limpa já dizia a tua avó.

Tomo um banho e chamo o pré-papá.

Raios, mais valia não o ter acordado. Mais parece uma barata tonta. Impávida e serena vejo um adulto a tentar vestir umas calças ao contrário. Mas, finalmente, lá consegue acabar de se vestir. O que vale é que o hospital fica a menos de 1 Km mas desconhecia que aquela carripana velha andasse tão rápida.

3.10 h, tudo preparado para me induzirem o parto.

Acreditem, estava bastante serena. Ía lá imaginar que depois de me colocarem uma agulha no braço iria ter tantas dores. Ainda por cima foram todas dormir e eu que me aguente. E como se ainda não chegasse não deixam entrar o marido. Porque razão? Ele também contribuiu.

Seria uma longa noite, dolorosa e solitária.

Ok, já chega, são 8.30 h. e eu já não tenho forças. Mas será que alguém me vem ver ou ainda está tudo a dormir?

Alto, parece que vem alguém. Mais um exame? Eu quero é que parem com as dores.

- Chamem a médica. O bebé está em sofrimento fetal. Rápido – diz uma enfermeira.

- Sofrimento fetal? Mas o que se passa? – pergunto eu aflita.

- Calma mamã. Inspire e expire – responde a enfermeira.

Como é que querem que eu inspire e expire com as dores que tenho e sabendo que alguma coisa está mal. Pelo menos, de um momento para o outro, os desaparecidos aparecem. Era um rodopio de médicos e enfermeiros. Algo grave se está a passar – penso eu.

Apenas ouço dizer que não há tempo para cesariana, o bebé não desceu, só tem três dedos de dilatação, blá, blá...

Até que um iluminado se lembra de dizer que o melhor é fazer uma episotomia (bolas, só o nome assusta). Pensam que tive alguma palavra a dizer? Desenganem-se.

Foi cortar, pegar na ventosa e tirar a criança de qualquer jeito.

Pensam que vi o bebé? Desenganem-se, uma vez mais. Não respirava e desapareceram com ele. Bem perguntei como estava o bebé mas apenas me disseram para ter calma, para não me preocupar que estava a ser bem tratado. Que agora tinham que tratar de mim. Pelos vistos, não saí muito bem da empreitada.

Calma? – gritei eu. Ou vocês me dizem como o bebé está ou não me tocam mais.

Bom, a verdade é que não me tocaram mais, pelo menos enquanto não me deram uma anestesia geral para tratarem de mim. E foi à traição, eu nem me apercebi do anestesista.

10.30 h., acordo meia “grogue”. Lembro-me que as minhas primeiras palavras foram: a mim ninguém me toca. A enfermeira ri-se.

Mamã – diz ela -, vamos lá para a enfermaria.

Mas o bebé, onde está? Como está? Está bem? – questionava eu em catadupa.

O bebé está bem. Não se preocupe. Daqui a pouco vai tê-lo nos braços. Agora pense um pouco em si. Tem que recuperar pois levou 48 pontos externos e internos vai-se lá saber quantos – respondeu a enfermeira.

Quero lá saber dos pontos, quero é ver o meu bebé – pensei eu -.

Foi uma espera interminável. O que vale é que já tinha a minha cara-metade junto a mim . Mas, também ele, ainda não tinha visto o bebé.

Até que vejo uma enfermeira com algo minúsculo nos braços.

- Mamã – exclamou ela – aqui tem o fruto do vosso amor -.

Finalmente... tinha a minha filha nos braços. Foi o momento mais belo da minha vida quando a aconcheguei no meu peito.

Pensei: "Sou mãe! Esta é a minha filha”. Perguntei à minha cara-metade: Como é possível dois feiosos como nós termos feito uma bebé tão linda? Ele nem respondeu. Limitou-se a olhar para ela com uma lágrima no canto do olho (apesar de sempre o ter negado, para ele homem não chora).

18 anos passaram.

À minha fofura apenas direi o seguinte:

O meu único desejo é que sejas feliz.

Nunca fui uma mãe super protectora. Tentei sempre dar-te espaço para crescer, aprendendo.

Nunca pretendi, nem pretendo, que sejas a minha imagem. Pelo contrário, és bem melhor do que eu.

O meu papel foi transmitir-te valores em que acredito e confiança em ti própria para seres capaz de dizer que não quando um comportamento te parecer errado ou perigoso e de dizer sim às propostas honestas, à alegria de viver. Mas, as verdadeiras escolhas têm que ser tuas.

Aceito-te tal como és e não como eu gostaria que fosses. Mas, devo confessar, que ficarei triste se um dia tomares alguma atitude que manifeste intolerância, maldade ou fundamentalismo individual ou colectivo, porque tal significará que não fui a mãe que penso, e desejo, ter sido.

Da mãe que te adora e que apenas deseja que sejas feliz.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

domingo, 9 de dezembro de 2007

10 Mulheres Fabulosas


Bonito trabalho. A Juani, considera-me uma mulher fabulosa. Bonito, porque é sempre agradável ser considerada uma mulher fabulosa. Trabalho porque é difícil escolher 10 mulheres fabulosas porque vamos todas dar ao mesmo. Assim, para além de agradecer à Juani por se lembrar de mim, resta-me nomear as 10 fabulosas mulheres.

Assim:

Apesar de não ter nenhum blog, a minha primeira nomeação como uma das 10 mulheres fabulosas vai para a pinxexa por toda a força que me dá, por me arrancar dos meus pensamentos negativos e me "obrigar", a bem ou a mal, a sorrir para a vida. Uma verdadeira força da natureza.

A segunda vai para a minha querida *tεrεsα* . Dez anos nos separam mas nem parece e, por incrível que pareça, são mais as vezes que recebo conselhos dela que o inverso. Tenho aprendido muito com a postura dela. Obrigado fofa.

Depois destas duas menções que se impunham, as restantes oito mulheres que considero fabulosas:

A Juani, pois claro, pela forma pragmática com que encara a vida, pela mente aberta a novas experiências e, como é óbvio, por me respeitar apesar de seu ser portista :-))

A Jasmim, a doçura, com um blog que se identifica com a minha forma de estar na vida, com excepção das vespas que tenho um medo pavoroso de máquinas com duas rodas...

A Tulicreme com ideias bem precisas e que sabe aquilo que quer...

A
Miuda Stressada, com um sentido de humor delicioso, com tendência para pensar em demasia

A 2 idiotas super hiper ri fixes, mais propriamente a Borboleta Azul, pela forma frontal como descreve os seus sentimentos

A Miss Alcor, visita diária obrigatória

A Mary, visita diária obrigatória

A Condessa, pela coragem dos seus textos no blog que mantém em parceria com mais duas pessoas.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

De certa forma ganhei o dia e respeitei uma Amiga

Já aqui falei de um assunto que assume alguma importância para mim: a violência contra as mulheres.

A sua prática, enraizada na cultura e nas tradições de muitos países, atravessa os tempos.

Referi, então, que a mulher sofre diversas formas de violência e que a grande maioria dos casos de violência são exercidos sobre as mulheres pelo seu marido ou pelo seu companheiro, constituindo a violência física uma das expressões extremas das formas que pode revestir.

Por incrível que possa parecer, todos os estudos indicam que o lugar menos seguro para a mulher é a sua própria casa. Segundo dados mundiais, o risco de uma mulher ser agredida em casa, pelo marido, ex-marido ou actual companheiro, é nove vezes maior do que o de sofrer alguma violência na rua.

Mais incrível ainda, é a cumplicidade da sociedade face a este problema com a consequente impunidade.

É verdade que a recente alteração legislativa (que passou a considerar a violência conjugal como um crime público), passando o problema a ser encarado como um problema social a combater, tem vindo, de forma gradual a transformar este fenómeno mais visível. Mas, não é menos verdade, que só chega ao conhecimento das autoridades aqueles casos em que a mulher necessita de cuidados médicos.

Facto curioso é o número significativo de casos provenientes das classes alta e média alta, contrariando a tese, de que a violência contra a mulher, é apenas o resultado de uma cultura da pobreza ou da baixa escolaridade. Mais, ainda, é o número significativo entre jovens namorados.

Vem tudo isto a propósito pelo facto de hoje ter marcado um julgamento em que teria que defender um homem acusado de violência reiterada sobre a mulher. Da última investida doeste "homem corajoso" resultaram: uma fractura maxilar, duas costelas partidas e vários hematomas. A mulher, essa, continua a viver com ele.

Uma grande amiga questionou-me: e vais defender esse indivíduo? Felizmente pude responder que não. E não tive que violar qualquer norma deontológica.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Mensagens

Arquivo do blogue


Porque não defendo:guetos, delatores pidescos, fundamentalismos e desobediência civil. Porque defendo o bom senso