Tive o prazer de "conhecer" Maya Angelou através do seu livro "Carta à Minha Filha", onde se pode ler:
"Dei à luz uma criança, um rapaz, mas tenho milhares de filhas. Sois brancas e negras, judias e muçulmanas, asiáticas, hispânicas, ameríndias e esquimós. Sois gordas e magras e bonitas e feias, homossexuais e heterossexuais, instruídas e iletradas, e estou a falar para todas vós. Isto é o que tenho para vos oferecer."
Maya Angelou, militante activa dos direitos cívicos e com uma história de vida incrível e fascinante, morreu hoje aos 86 anos.
E porque uma das minhas amigas quarentonas foi "apanhadinha" por um trintão e o amor paira no ar, levam hoje com uma das minha músicas favoritas.
Mas como andam rumores de que deixei de ser uma romãntica incurável (que mentira...), levam com os "sulcos da sede", de Eugénio de Andrade... É que nem toda a gente tem a sorte da minha amiga!
Hoje estás de parabéns. Em termos virtuais, a tua prenda é um dos poemas que eu sei que gostas particularmente.
A outra, receberás mais tarde, pela manhã...
Estive sempre sentado nesta pedra escutando, por assim dizer, o silêncio. Ou no lago cair um fiozinho de água. O lago é o tanque daquela idade em que não tinha o coração magoado. (Porque o amor, perdoa dizê-lo, doi tanto!). Todo o amor. Até o nosso, Tão feito de privação.Estou onde sempre estive: à beira de ser água. Envelhecendo no rumor da bica por onde corre apenas o silêncio. ______________________ Eugénio de Andrade. O sulcos da sede.
Um dia a ti escrevi as mais puras rimas dei-te meus cheiros, meus sons e cores estampei a folha vazia com a melodia que corria por minhas entranhas e veias
Dei-te tanto... todos os meus gestos, meus segredos e sentidos. Dei-te toda a força da amizade que de mim jorrava
Foste imaginário amigo,a minha verdade, minha ancora, minhas pernas e braços mas partiste sem uma palavra, como só partem os covardes...
Não quero mais sentir este nó que sufoca meus olhos, cega meu grito, cala minha pele.
Não há mais lugar para perdas nada mais contabilizo, Compreendi que meros momentos fugidios não levam a lugar algum.
Pois vai... perde-te nos emaranhados (da tua própria dor) quem sabe um dia percebas que estive ao teu alcance e deixaste-me escapar....