Hoje dei por mim a pensar em como num curto espaço de tempo mudei.
É verdade que depois dos "40" sinto que atingi aquele famigerado patamar: o da mulher madura, cálida, tolerante e estável.
É que uma mulher, depois de atingir os quarenta anos, arrasta consigo uma historia de vida com alguns milhares de dias que lhe dá a experiência suficiente para saber que a perfeição não existe. E esta experiência transmite aquela sensação de segurança que lhe permite enfrentar os dias menos bons.
Mas não só. Dá sabedoria. A sabedoria de saber que as tristezas se renovam mas que as consegue ultrapassar. A sabedoria de saber que há sonhos que são interditos e, quando assim é, de renovar as nossas prioridades, os nossos objectivos.
No fundo, a sabedoria de continuar a sonhar mas com os pés bem assentes no chão.
E tem sido assim nos últimos anos. No ano passado, por esta altura, enfrentava uma das minhas maiores lutas: a luta contra uma doença que não escolhe sexo, raça e idade. Venci essa batalha e senti que podia enfrentar o mundo inteiro.
Hoje, quase um ano depois, vejo-me, subitamente, sem sonhos.
É verdade que pela manhã, visto o sorriso para conseguir enfrentar o mundo. Mas sinto que estou a calcorrear um caminho que não sei bem para onde me leva...
E com medo. Muito medo de, pela primeira vez, não conseguir dar a volta por cima. Por cansaço de lutar sempre contra a maré. Por cansaço deste sorriso que não chega ao olhar.
Pelo menos não perdi o sentido de humor, (a julgar pelas gargalhadas que estou a arrancar aos colegas), e há músicas assim para nos fazer companhia.