sábado, 30 de outubro de 2010

Felizmente...

Estou em casa.

E digo felizmente por duas ordens de razão: a primeira é que estava cheia de saudades das minhas filhotas e a segunda porque houve alturas durante a viagem de hoje que tive sérias dúvidas que conseguisse chegar a casa tal era a quantidade de chuva que caía e o vento forte que se fez sentir.

Nota 1 - Ontem, último dia do Congresso, consegui ver um golfinho.

Nota 2 - Andar de catamaran com ventos fortes não é aconselhável para quem tenha o estômago sensível.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Qual crise, qual quê...

O Congresso está na sua recta final. 

Terminado que está mais um dia de trabalhos, e como esta noite é livre, eu e alguns colegas vamos aproveitar para conhecer um pouco da cidade de Setúbal.

Cá para nós que ninguém nos ouve, vamos até Setúbal para comer uma bela pratada porque comida de hóteis...obrigadinho mas passo.

Entretanto, fiquei a saber que o custo médio de uma moradia nestas bandas é de 1 milhão de euros* e já estarão todas vendidas.


* Rectificado após o JPM me ter alertado para o erro

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

E a noite?


A noite foi bem mais calma mas muito divertida.

Depois da sessão solene (este ano, curiosamente, menos aborrecida e entediante), seguiu-se o jantar. No meio de quase 600 pessoas não é fácil vermos as caras que nos são familiares. Mas lá encontrei os meus colegas de Góis que, uma vez mais, primaram pela boa disposição.

O espectáculo foi óptimo e, tal como o prometido, lá fomos até à discoteca. É engraçado vermos o pessoal dos "enta" a dançar como se tivessem 15 anos.

A noite acabou às tantas...

Agora, é voltar às sessões de trabalho. O divertimento vem mais logo.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Eu bem digo. Mas vocês não acreditam...



Eu não vos disse que as minhas viagens são sempre surpreendentes?

Até Lisboa, tudo normal.

Como tinha uma hora de espera decidi ir até ao Vasco da Gama (pois é Sadeek, tive a mesma ideia).

O objectivo era comer qualquer coisa e voltar para a estação. O problema é que sou gaja. E gaja que se preze tem sempre que olhar para uma montra ou duas e, de preferência, entrar, pelo menos, numa loja.  E foi o que esta menina fez. Quando olhou para o relógio faltavam apenas 20 minutos para o comboio e não queria arriscar chegar tarde. Lá se ia a comida mas tinha sido por uma boa causa.

Eis senão quando, reparo que me faltava o casaco. Toda catita vou ter com um segurança no sentido de tentar descobrir se alguém tinha entregue um casaco. E não é que ainda há pessoas honestas? Tinham encontrado o meu casaco e entregue na administração. Lá vou eu à pressa buscar  casaco e abro a carteira para ligar para a minha filha mais nova para saber como lhe tinha corrido o teste de química.

Para, disse bem. Porque telemóvel...já era...

Entretanto, faltavam já 8 minutos para o comboio. 

Com cara de menina bem comportada perguntei ao segurança se com o casaco não teriam entregue um telemóvel, ao que o segurança me respondeu: "Não acha que era sorte a mais"?

Sorte a mais? Mas se há pessoa que precise de sorte sou eu, ora bolas.

Resmungando sozinha decido ir a correr para o comboio dado que a hora se aproximava.

Eis senão quando (pois é, a história não acaba aqui), tenho a brilhante ideia de entrar na dita loja que tinha andado a ver e perguntar se alguma alma bondosa não teria encontrado o telemóvel. E não é que encontraram? Ah, pois é. Afinal o segurança estava enganado.

Agora só faltava atravessar a estrada, subir as escadas e entrar no comboio em apenas 3 minutos.

Apesar da gordurinha a mais ainda sou bastante ágil e lá consegui entrar no comboio quando já se preparavam para fechar as portas. 

Confesso que estava contente comigo mesma. No final tudo tinha corrido bem e coloquei um sorriso triunfalista.

Eis senão quando... (pensavam que acabava aqui?).

"Senhores passageiros, em virtude de um descarrilamento em Alcácer do Sal, este comboio terminará a sua marcha em Setúbal. Os senhores passageiros deverão aguardar pelo transporte alternativo que os levará até Grândola".

Bom, fiquei descansada porque o meu destino era Setúbal. O problema é que muitos optaram por escolher o táxi em vez de aguardar pelo transporte alternativo e quando vou a ver estavam 14 pessoas à minha frente. Lá ia eu perder o "ferry" das 14.50.

No início da fila estava um casal de holandeses a quem eu tinha ajudado a descer do comboio. Nisto olham para mim e perguntam-me para onde vou. Depois de responder eles disseram que tinham todo o gosto que eu os acompanhasse no táxi. Nem hesitei. Ainda ofereci para pagar a minha parte mas eles recusaram. Confesso que não insisti porque eles nem pestanejaram quando o taxista os informou que até Grândola teriam que pagar 75 euros.

Finalmente no cais, a tempo e horas, pude comprar o bilhete para o catamaran (e não ferry) e chegar ao hotel.

Ah, é verdade, Tróia é rodeada por uma paisagem magnífica e, segundo me informaram, estou instalada no melhor hotel.

Sorte? Claro que não. Eu mereço!

Ufa, estou cansada e o Congresso ainda não começou...

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

De "Malas Aviadas"...

A mala está feita e os bilhetes comprados.

Agora só falta preparar-me mentalmente para uma viagem de sete horas.

É verdade! Sair de Gaia às 10 horas da manhã e ter chegada prevista a Tróia por volta das 17.30 horas é o que me espera amanhã.

E tudo por "culpa" das esperas: 1 hora na estação Oriente e 2,5 horas em Setúbal.

Mas porque "raios e coriscos" não conseguem encontrar um sistema integrado de transportes públicos?

Depois da viagem é enfrentar uma sessão solene com discursos monocórdicos.

O que vale é que  depois do jantar há encontro marcado na discoteca para desanuviar um pouco.


Nota 1 - Pelo sim e pelo não levo comigo uns comprimidos contra o enjoo...
Nota 2 - Vamos lá ver se consigo um tempo para a visita diária aos vossos "cantos".

domingo, 24 de outubro de 2010

Orgulho... ou fraqueza infantil?




"Todos querem a paz, mas há muita gente que não se dispõe a fazer as pazes. Parece que não acreditam que duas pessoas zangadas ou um casal desavindo se possam reconciliar. Preferem afirmar posições. De facto, o orgulhoso não é inteligente! Se fosse inteligente, já teria percebido que a coisa mais humana é levantar-se dos seus erros e recomeçar cada dia. Não o tentar e agarrar-se aos seus direitos parece força, mas é fraqueza infantil."


(Padre) Vasco Pinto de Magalhães, in "Não Há Soluções, Há Caminhos"


Até porque, o outro lado pode estar cansado de dar sempre o primeiro passo para a reconciliação. E, quando dermos conta disso pode ser tarde de mais...

E vocês? São orgulhosos?


 

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Porque hoje me apetece dizer isto...


Talvez porque hoje foi um dia particularmente difícil. 



" O SILÊNCIO E TANTA GENTE


Às vezes é no meio do silêncio

Que descubro o amor em teu olhar

É uma pedra

É um grito

Que nasce em qualquer lugar


Às vezes é no meio de tanta gente

Que descubro afinal p'ra onde vou

E esta pedra

E este grito

São a história d'aquilo que eu sou


Às vezes sou o tempo que tarda em passar

E aquilo em que ninguém quer acreditar


Às vezes sou também

Um sim alegre

Ou um triste não
 
E troco a minha vida por um dia de ilusão

E troco a minha vida por um dia de ilusão


Às vezes é no meio do silêncio

Que descubro as palavras por dizer

É uma pedra

Ou é um grito

De um amor por acontecer


Às vezes é no meio de tanta gente

Que descubro afinal p'ra onde vou

E esta pedra

E este grito

São a história d'aquilo que sou"

Maria Guinot


 
 
 
 
Um bom fim-de-semana para todos.
  



Estou na lua...



Porque, por vezes, o melhor é esquecer os problemas, as crises, as indiferenças, as hipotecas, as ....

e deixar a nossa mente ir até à "lua"...


E, hoje, estou mesmo com vontade de ir até à lua e ficar lá uns dias...





Nota - Posso estar enganada mas os meninos vão gostar de algumas das imagens deste vídeo... (a vossa sorte é que hoje estou por tudo).


quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Venha daí uma ajudinha dos amigos do Sul...

Mais própriamente dos que vivem em Lisboa e arredores.

É que na próxima semana vou estar num Congresso em Tróia e não faço ideia de como lá chegar.

Passo a explicar: é que, uma vez mais, vou sozinha pelo que vou ter que ir de comboio. Segundo a CP a melhor opção é apanhar o Alfa até à Estação do Oriente e lá apanhar o intercidades que vai para Faro e saír em Setúbal. Lá terei que apanhar um táxi até Tróia (não me peçam para ir de ferry porque gosto muito do mar mas ao longe...).

O que eu preciso de saber, porque apesar de diversas buscas não consegui encontrar, é a que distãncia fica Tróia da estação da CP de Setúbal.

Obrigado.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ora aqui fica o desafio...


“Às vezes falamos o que não devemos falar…
ouvimos o que não devemos ouvir…
choramos por algo que não devemos chorar.
Sabe por quê? Às vezes amamos quem não devemos amar.”

Desconhecido


Já tiveram esta experiência? Para quem defende que quando se ama é para sempre, a questão é a mesma mas com o tempo vebal diferente.


terça-feira, 19 de outubro de 2010

Ai o calamandro...



Então não é que esta "esperta" se lembra de colocar os comentários moderados e depois se esquece de os publicar?

A meu favor o cansaço (sim, que trabalhar em dois locais diferentes não é fácil), e a constipação que o meu querido marido se lembrou de me oferecer.

Estou cá com uma "carga" que nem vos conto...

Tenho algumas novidades mas isso fica para outro dia.

domingo, 17 de outubro de 2010

À minha fofa mais nova...



Fazes hoje 13 anos.

Abraças o mundo com uma ânsia infindável e sempre com um olhar para o futuro.

Nunca deixes de sonhar mas não te esqueças de viver cada segundo da tua vida, porque apesar de não sabermos onde a estrada da vida nos leva, a única certeza é que ela acabará.


Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo...

Corro o lápis em torno
Da mão e me dou uma luva
E se faço chover
Com dois riscos
Tenho um guarda-chuva...

Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho
Azul do papel
Num instante imagino
Uma linda gaivota
A voar no céu...

Vai voando
Contornando a imensa
Curva Norte e Sul
Vou com ela
Viajando Havaí
Pequim ou Istambul

Pinto um barco a vela
Branco navegando
É tanto céu e mar
Num beijo azul...

Entre as nuvens
Vem surgindo um lindo
Avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar...

Basta imaginar e ele está
Partindo, sereno e lindo
Se a gente quiser
Ele vai pousar...
 
Numa folha qualquer
Eu desenho um navio
De partida
Com alguns bons amigos
Bebendo de bem com a vida...
 
De uma América a outra
Eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo...

Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente
O futuro está...

E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...

Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar

Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá...
 
Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
(Que descolorirá!)

E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo
(Que descolorirá!)

Giro um simples compasso
Num círculo eu faço
O mundo
(Que descolorirá!)...

Toquinho / Vinicius de Moraes / G.Morra / M.Fabrizio






sábado, 16 de outubro de 2010

Parabéns Pensador!



Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver,
não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo.
Precisa-se de um amigo para se parar de chorar.
Para não se viver debruçado no passado
em busca de memórias perdidas.
Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando,
mas que nos chame de amigo,
para ter-se a consciência de que ainda se vive.

Vinícius de Moraes



Parabéns meu Amigo.

E porque a nossa amizade começou por ambos defendermos a liberdade, a responsabilidade e o respeito, fica com este tema e passa um grande dia.





quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Pensamento do dia



"A maturidade permite-me olhar com menos ilusões,
aceitar com menos sofrimento,
entender com mais tranquilidade,
querer com mais doçura."

Lya Luft


terça-feira, 12 de outubro de 2010

O lar dos covardes...


Na blogosfera muitos de nós assumem o anonimato como forma de manter a nossa privacidade e proteger aqueles que nos são queridos.

Nesta perspectiva, concordemos ou não, o anonimato é justificável.

Mas, como tudo na vida, não há verdades absolutas quando se trata de analisarmos o comportamento humano.

Assim, o anonimato pode ser o veículo privilegiado daqueles que, covardamente, se escondem atrás do anonimato para exprimir uma agressividade ignóbil que apenas demonstra a incapacidade de gerir as suas próprias frustrações.

Como alguém afirmou: " A agressividade anônima é o lar dos covardes que permanecem numa infância emocional. Daqueles que se recusam a amadurecer e a lidar de maneira saudável com suas dificuldades, menosprezando o outro para amenizar sua frágil autoestima. A internet deveria ser vista como um local de exercícios onde nos aprimoramos como seres humanos e sociais – e não uma caverna onde soltamos as nossas feras indiscriminadamente, protegidos pela máscara do anonimato".

A música de hoje é para um amigo.


segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Pensamento da semana...



"O Amargo Destino do Sonho:

Aí residia a sua força e a sua virtude, aí era invergável e incorruptível, aí o seu carácter era firme e rectilíneo. No entanto, esta virtude trazia estreitamente ligados a si também o seu sofrimento e o seu destino.

Acontecia-lhe o que a todos acontece: aquilo que por impulso da sua mais íntima natureza demandava e em que se empenhava com a maior pertinácia, era-lhe concedido, mas ultrapassando aquilo que ao homem é benéfico. O que começava por ser sonho e felicidade, redundava em amargo destino. O homem do poder destrói-se pelo poder, o homem do dinheiro, pelo dinheiro, o subserviente pelo servir, o sequioso de prazer pela luxúria. "

Hermann Hesse, in "O Lobo das Estepes"








domingo, 10 de outubro de 2010

As mulheres exigem uma mulher como ministra das finanças!





Garanto-vos que não é uma questão relacionada com as lutas feministas que conduziram ao célebre dia 08 de Março de 1857.

É apenas, e tão só, um problema de defesa de igualdade entre homens e mulheres em matéria de higiene.

Todos falam do aumento do IVA de 21 para 23%. O que se esquecem de referir é que esta medida penaliza, de forma desigual, as mulheres.

Uma mulher como ministra das finanças nunca aumentaria o IVA para 23% porque ela sabe muito bem quanto gasta em produtos para higiene íntima.

Imaginem uma família constituida por um casal e duas filhas. São três mulheres em casa a gastar tampões ou pensos higiénicos. Se fizermos bem as contas são mais 6% de gasto ao fim do mês.

Será que temos que voltar à moda das toalhinhas de algodão? A maioria das mulheres que param aqui nem fazem a mínima ideia do que estou a falar. Mas, acreditem, não é nada agradável.

O único consolo que me resta é que o senhor ministro quando for à casa de banho e tiver que utilizar papel higiénico vai saber que manter o rabinho limpinho lhe vai custar mais 2%.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

É só para dizer...

Que a mudança está a correr bem. A forma como fui recebida ajudou bastante.

Que o trabalho é muito.

Que o tempo disponível para comentar nos vossos blogues é escasso.

Que, apesar de tudo, não deixo de ler atentamente os vossos post's.

Que, temporáriamente, os comentários voltam a ser moderados.

Que vou estar mais umas horas a trabalhar, ao som desta música...




quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Futuro...




"Que as coisas futuras não te preocupem.
Chegarás a elas, se tiver de ser assim,
levando a mesma razão que agora usas para as coisas presentes."

Marco Aurélio


Foi com este pensamento que hoje iniciei uma nova etapa da minha vida.

Uma boa semana para todos.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Desafio...





"Todos os homens têm medo.
Quem não tem medo não é normal;
isso nada tem a ver com a coragem."

Jean Paul Sartre


Amanhã é o primeiro dia em que vou assumir novas funções, em paralelo com as que já exerço.

Estaria a mentir se dissesse que não estou com medo.

Medo porque vou deixar o meu "espaço de conforto".

Mas nunca virei a cara a uma luta.

A vida é feita de desafios diários e eu aprendi a enfrentá-los de frente.

E é com esse espírito que me apresentarei amanhã. Mesmo que a opção tomada não me leve a lado nenhum...

 

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Gosto da calma das "pontes"...





Mesmo que o Governo não conceda tolerância de ponto, meio mundo (quer no público, quer no privado) guarda um dia de férias para poder usufruir de umas mini-férias.

E, desta forma, metade do País literalmente para.

No local onde trabalho estamos meia dúzia.

Vantagens? Claro que existem.

Metade do tempo a chegar ao trabalho porque o trânsito é diminuto.

Não perder muito tempo na fila para tomar café.

Rentabilidade no trabalho porque o telefone não toca.

Digam lá o que disserem, adoro vir trabalhar quando a maioria fica em casa...


sábado, 2 de outubro de 2010

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Para que o Senhor Ministro durma melhor...



Aleluia. Alguém com coragem de colocar essa "corja" denominada "funcionários públicos", ou, de forma mais requintada, "trabalhadores a exercerem funções públicas", no lugar onde merecem.

Essas "sanguessugas" que não fazem nenhum e levam o dinheiro do bom português para casa.

Esses "malabaristas" que têm um tratamento privilegiado porque ganham mais do que os outros e, ainda por cima, não fazem descontos.

Essas "carraças" que têm direito a uma melhor saúde do que os desgraçadinhos dos restantes compatriotas.

Estes são alguns dos epítetos que se costuma ouvir relativamente aos trabalhadores que exercem funções na Administração Pública.

E, verdade seja dita, pelos muitos comentários que foram sendo publicados na blogosfera a propósito das medidas de austeridade anunciadas pelo Governo, o aumento de 23% da taxa de IVA até passou despercebido. O importante, pelos vistos, era dar uma grande lição a essas "bestas" dos funcionários públicos.


Tornou-se hábito na sociedade portuguesa apontar como responsáveis de tudo o que mal acontece no nosso país aos funcionários públicos. Às vezes questiono-me como é possível 737.774 almas (dados do Eurostat de 2008), conseguirem bater 4,1 milhões de trabalhadores. Isto é, cerca de 700 mil pessoas são responsáveis pelo mal que grassa na sociedade portuguesa. Os outros 4 milhões são a salvação.



Sejamos intelectualmente honestos. Como em todas as profissões, e em todas as empresas, na administração pública temos bons e maus funcionários. Temos profissionais de mérito e outros que deviam estar em casa sem fazer nenhum porque, pelos menos, não geravam despesa corrente.

Vamos por partes:

Vejamos alguns dos serviços públicos: Tribunais, Saúde, Ensino, Finanças e Forças de Segurança. A maioria do povo português considera que há funcionários públicos a mais. Ora muito bem. Mas se há funcionários públicos a mais porque estão sempre a dizer que há médicos a menos? Que há polícias a menos? Que os tribunais não funcionam porque há magistrados a menos? Que as escolas não funcionam porque o Ministério não abre concurso para colocarprofessores e auxiliares?  Em que é que ficamos? Não será mais correcto afirmar-se que há ministérios com pessoas a mais e outros com pessoas a menos? Então não é uma questão de funcionários a mais.

É uma questão de gestão de recursos humanos cuja primeira responsabilidade é dos dirigentes máximos de serviço que ganham muito bem para exercer tal função mas, na sua grande maioria, estão mais preocupados em ver os efeitos da sua actuação na progressão da sua própria carreira. É dos administradores das empresas públicas, dos institutos e afins que estão, na sua maioria, mais preocupados com a remodelação dos seus gabinetes de trabalho porque aquela "carpete" que custou 14 mil euros no ano passado está fora de moda, ou, já que se está com a "mão na massa", uma secretária assinada pelo Sr. Arquitecto "X" era capaz de ficar um "must". Ah, é verdade, impõe-se a renovação da frota automóvel porque, sinceramente, parece mal a um administrador de uma empresa pública andar num veículo de 60 mil euros que já tem um ano. Haja dignidade para o cargo.

E os políticos? Bom, esses devem ser os que menos gastam do erário público, coitados. Mas se eles até quando tomam posse das suas funções têm como primeira prioridade arranjar trabalho para o sobrinho, a tia, o filho da empregada doméstica e para a irmã da vizinha que até tem um aspecto jeitoso para servir de jarra numa secretária (deve ser por isso que num só gabinete ministerial existem 12 motoristas e quatro secretárias).

Mas porreiro, porreiro, é quando uma destas pessoas consegue com 50 anitos a reforma e depois arranja um hobby (membro de um conselho de administrador de uma empresa pública qualquer). De preferência ex-deputado ou ex-membro de governo. É que, convenhámos, ter carro de alta cilindrada, vencimentos na ordem das 15 mil euros mês, cartão "gold" para aquelas despesas que não escolhem dia nem hora, seguros de saúde e fundos de poupança que quase dá para sustentar 100 famílias, é um hobby bem melhor do que andar a pescar. Aliás, para sermos honestos, nem interfere com a pesca porque ele só põe o pé nas reuniões da administração umas horitas por mês pelo que lhe sobra tempo suficiente para ir até aos mares das Caraíbas tentar apanhar tubarões.


Mas podemos descer à terra? Isto é, ao mundo daqueles que, a exemplo dos restantes 4,1 milhões trabalham e têm famílias para sustentar? Não, não estou a falar daqueles que se candidataram para dar aulas, que terminam com uma reforma de cerca de 3 mil euros mensais e que nunca na vida deram aulas porque andaram entretidos a viajar à custa do sindicato. Ou daqueles médicos que trabalham meia dúzia de horas nos centros de saúde porque têm uma clínica privada para gerir (nem que a clínica esteja em nome de um qualquer familiar).

Estou a falar daqueles "funcionários públicos" que trabalham. Daqueles que não têm cartão partidário nem amigos influentes para assumirem cargos para os quais, salvo raríssimas excepções, não têm competência nem experiência.

Vamos lá falar do funcionário público comum, daqueles "reles", sabem? Os tais que não fazem nenhum e, ainda por cima, ganham muito e não descontam nada.


Olhem só dois exemplos das verdadeiras fortunas ganhas por dois funcionários a exercerem funções públicas:

E vamos para a administração local que é aquela que está mais próxima do cidadão e vejamos o salário mais baixo e mais alto do regime geral:

1º exemplo: assistente operacional aufere no 1º escalão € 470.29 (ilíquidos)+ € 4.27 de subsídio de refeição (no último escalão, isto é no final de carreira, aufere € 760.63).
2º exemplo: um técnico superior aufere enquanto estagiário € 760.61(ilíquidos)+ € 4.27 de subsídio de refeição (no final da carreira, se lá chegar, aufere € 3.002.49 ilíquidos).

É claro que se atendermos que um trabalhador só consegue subir de escalão de 10 em 10 anos, é fácil de concluir que ninguém chega ao fim da carreira (a não ser aqueles que caem nas boas graças dos chefes e que conseguem ter um excelente. Aí, com um pouco de sorte, ao fim de 4 anos pode ser que consigam subir de escalão).

Será que os dois funcionários descontam alguma coisa?

Vejamos: Descontam para o IRS exactamente nos mesmos termos que qualquer outro trabalhador no privado.

Descontam para a Caixa Geral de Aposentações 10 % do vencimento (para efeitos de reforma e baixa, sendo que ainda este ano vai passar a descontar 11%) + 1,5 % para a ADSE (complemento de saúde).

Em matéria de descontos, o que acontece com os trabalhadores do privado: descontam 11% para a segurança social que engloba a reforma, o desemprego e a saúde.

Haverá engano? Não. Mas...então...não consigo entender. Afinal os "reles" descontam mais do que os restantes trabalhadores. Ah, já sei, mas têm acesso a uma melhor saúde? Ah é? Mas se um trabalhador do privado descontar a percentagem que um "reles" desconta para uma companhia de seguros, por exemplo, tem as mesmas vantagens e com a vantagem adicional de ter direito de opção. Os "reles", para terem mais direitos em matéria de saúde, pagam à parte. 

Mas, ficamos na mesma. Os "reles" não fazem nenhum.

Voltámos ao mesmo. Na função pública, como na privada, acontece o que se verifica em todas as profissões. Há bons e maus trabalhadores. Uns que, de facto trabalham e outros que não. E a culpa é dos dirigentes que permitem que meia dúzia brinquem com quem trabalha. Com aqueles que trabalham por dois ou três. Que no final de 10/12 horas de trabalho sem ganhar horas extraordinárias têm que levar o trabalho para casa porque há prazos a cumprir.

Mas não podia terminar este meu post de agradecimento por irem retirar parte do ordenado a esses "reles", sem dar algumas sugestões ao Senhor Ministro Teixeira dos Santos porque fiquei deveras preocupada com a dificuldade que ele confessou ter em dormir.

Acredite, Sr. Ministro, sei muito bem o que é uma insónia. E como sou uma gaja solidária, vou passar alguns dias sem dormir até porque vou ter que decidir se vendo a minha casa ou se tiro a minha filha mais velha de estudar. Sim, é que não ser aumentada há mais de cinco anos e ainda ver o meu ordenado cortado em cerca de 130 euros só porque tenho a veleidade de ao fim de 25 anos de carreira ganhar 94 euros acima dos 2000 euros ilíquidos, faz de mim uma "ladra" da sociedade.

Mas, numa tentativa de ser boa cidadã, aqui fica o meu contributo (para além dos 130 euros mensais que vou dar ao Estado para poder comprar mais uns carritos):


1. Reduzir o número de Empresas Públicas, Institutos e Cargos de Administração e de Chefia;

2- Reduzir o número de autarquias locais e limitar a criação de empresas municipais;

3 - Reduzir o número de Deputados (180 almas a ganhar sem fazer nenhum, são mais do que suficientes);

4. Reduzir o número de funcionários, assessores, consultores e afins da Assembleia da República, Governo, Empresas Públicas, etc, etc;

5 - Proibição, total e absoluta, de acumular reformas com exercício de funções públicas. Se estavam "velhinhos" e precisaram de pedir a reforma, deixem-se estar em casa e dão o lugar a outros.

6 - Reduzir a frota de viaturas, e respectivos motoristas, do Estado ao estritamente necessários. Os deputados, membros de conselhos de administração, etc, se quiserem carro para se deslocarem que comprem um como o comum dos mortais compra para ir para o trabalho. Mais a mais, já têm o subsídio que recebem para despesas de representação que os restantes não têm.

7 - Terminar com os contratos de avença milionários com sociedades de advogados e afins.

8 - Limitar o pagamento da reforma até 2500 euros (convenhamos que uma reforma de 2500 euros já é muito bom porque na maioria dos casos um reformado já não tem filhos para sustentar nem hipotecas para pagar. Se para uma família com 4 pessoas o Estado entende que pode cortar 130 euros num vencimento ilíquido de 2094 euros, por maioria de razão poderá cortar numa reforma de 2500 euros). É uma questão de igualdade e dos sacrifícios serem partilhados por todos.

Senhor Ministro, acredite, com as sete primeiras medidas nem precisa de mexer nos salários e vai dormir melhor...


Nota- Este texto foi escrito ontem e reformulado durante a madrugada graças às insónias solidárias, e programado para ser publicado às 11.15...

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