"O que há em mim é sobretudo cansaço Não disto nem daquilo, Nem sequer de tudo ou de nada: Cansaço assim mesmo, ele mesmo, Cansaço.
A sutileza das sensações inúteis, As paixões violentas por coisa nenhuma, Os amores intensos por o suposto em alguém, Essas coisas todas Essas e o que falta nelas eternamente Tudo isso faz um cansaço, Este cansaço, Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito, Há sem dúvida quem deseje o impossível, Há sem dúvida quem não queira nada Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles: Porque eu amo infinitamente o finito, Porque eu desejo impossivelmente o possível, Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, Ou até se não puder ser...
E o resultado? Para eles a vida vivida ou sonhada, Para eles o sonho sonhado ou vivido, Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto... Para mim só um grande, um profundo, E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço, Íssimo, íssimo, íssimo, Cansaço..."
"…De repente tudo vai ficando tão simples que assusta. A gente vai perdendo as necessidades, vai reduzindo a bagagem. As opiniões dos outros são realmente dos outros, e mesmo que seja sobre NÓS, não tem importância. Vamos abrindo mão das certezas, pois já não temos certeza de nada. E isso não faz a menor falta. Paramos de julgar, pois já não existe certo ou errado, e sim a vida que cada um escolheu experimentar. Por fim, entendemos que tudo o que importa é ter paz e sossego, é viver sem medo, é fazer o que me alegra, o que me faz bem, o que me faz feliz. É só.”
Reinaldo Muller
Ou melhor, me está ensinando. Porque nesta matéria ainda estou a aprender.
A música de hoje é esta. Pouco conhecida mas que eu gosto imenso.