domingo, 15 de novembro de 2009

Mentira caridosa...




- Ainda pensas nele?

- Todos os dias sinto a falta dele...

- Sabes? Tenho a certeza que ele também sente a tua falta.

- Achas?

- Não acho. Tenho a certeza...

As incertezas e a indiferença doem! Bastante.

Mesmo que por breves momentos, fazer regressar o brilho aos olhos de alguém é gratificante.

Mesmo que seja através de uma mentira.

Porque quem abandona sem nada dizer;

Quem manifesta indiferença perante a dor de alguém;

Quem prossegue a viagem da vida abandonando alguém na rua depois de o ter atropelado, sem sequer ter saído do carro e oferecido a mão para ajudar a levantar... Não pode pensar em ninguém a não ser em si próprio.

Mas a mentira valeu por aquele sorriso no olhar que há tantos meses estava apagado...apesar daquela pequena lágrima que teimosamente aflorou...

"It's so easy to break a heart
It's so easy to close your eyes"





6 comentários:

Eu Mesma! disse...

detesto mentiras...
nunca sao piedosas para quem ouve a mentira...

são piedosas para quem mente...

NI disse...

Eu Mesma, como princípio e regra, concordo totalmente contigo.

Mas há situações em que devolver um pouco a esperança não é mau. Nunca ninguém morreu de esperança. A esperança pode ser uma alavanca.

Mas tal só é possível se a pessoa a quem tentamos devolver a esperança for suficientemente forte para a utilizar como forma de avançar para a frente, todos os dias, nem que seja um passo de cada vez.No fundo, evitar que a pessoa fique presa ao passado.

Nota - E não fizeste qualquer comentário ao post que te dediquei? Ficaste assustada com o signo que te calhou? Ahahahahah

Abobrinha disse...

Lê de novo e pensa: foi mesmo uma mentira assim tão pequena? É uma mentira ou um engano? É que um engano tem um carácter mais permanente. Não será melhor dar à pessoa esperanças novas em vez de a fazer fuçar em esperanças já podres, nem que isso prolongue um pouco a falta de brilho nos olhos?

Estou com a Eu Mesma: odeio mentiras... e é muito raro uma justificar-se.

NI disse...

Abobrinha, encaro esta "mentira" ou "engano" como encaro aquela que se diz a alguém que está a morrer de cancro: "Força, a medicina todos os dias evolui. A força de vontade é fundamental". Quantas vezes dissemos esta frase a alguém que é importante para nós para que não desista de lutar?

Li novamente. Em nenhuma frase a pessoa em questão afirma à amiga para ter esperanças de que a pessoa vai voltar. Apenas diz que independentemente do afastamento a pessoa de certeza que também sentirá falta dela.

E acredito que independentemente dos afastamentos, das rupturas, algures, nos recônditos da memória, existe aquele baú onde guardamos aqueles que passaram pelas nossas vidas. E, de quando em vez, subimos ao sótão, abrimos o baú e deixamos a nossa memória viajar através do tempo. E, nessa altura, recordamos...mesmo que as recordações sejam negativas.

Sinceramente, e apesar de não ter sido eu a dizer a "mentira" ou o "engano", acredito que a pessoa não pretendeu transmitir uma "esperança podre". Limitou-se a constatar um facto.


Pelo menos eu não me esqueço das pessoas que passaram pela minha vida. Aquelas com quem partilhei pedaços da minha vida. Aquelas com quem tive bons e maus momentos. Aquelas com quem apenas tive maus momentos. Aprendi apenas a relativizar e quando abro o meu baú tento recordar os bons momentos porque os maus fizeram-me crescer no momento adequado.

Mas, claro está, é a minha perspectiva da vida.


Beijos

JP disse...

Desejava escrever algo inteligente mas escapa-me... :(

Não gosto de mentiras.

Beijinhos

NI disse...

JP, nem eu. Mas compreendo quando alguém opta por "mentir" para, de alguma forma, dar alento a outra pessoa.

Como sempre disse, em matéria de afectos ninguém é igual. Recordo-me de ter uma colega que me dizia as verdades de uma forma extremamente cruel. Possivelmente o objectivo dela era bom. Mas, comigo, funcionava ao contrário e conseguia destruir a minha auto-estima. Penso que mesmo a dizer a verdade temos que usar de bom senso e, acima de tudo, ter em conta a pessoa que a está a ouvir.

Vinte anos como advogada na área crime deu-me, permitam-me dizê-lo, alguma experiência em matéria de relações humanas e muitas vezes a verdade dita sem bom senso é bem mais prejudicial que uma eventual "mentira caridosa".

Só para dar um exemplo: quando estamos perante uns pais que acabaram de perder um filho por homicídio, haverá alguma necessidade de dizer com todas as letras que o filho sofreu horrores nas mãos do homicida? Esses pais necessitarão de saber essa verdade? Não se poderá dizer que foi uma morte violenta mas que ele teve morte quase imediata? Os pais irão sempre sofrer. Irão sempre pensar que o seu filho sofreu nas mãos de outra pessoa mas não passarão os dias e as noites a imaginar o sofrimento do filho se desconhecerem todos os pormenores. Não é que a dor seja maior ou menor mas muito provavelmente será mais fácil para eles avançar um dia de cada vez.

Mas, mais uma vez, esta é a minha opinião. Acima de tudo, o que pretendo demonstrar é que não existem verdades absolutas. Existem zonas cinzentas quando se trata de afectos...

:)

Beijinhos

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Porque não defendo:guetos, delatores pidescos, fundamentalismos e desobediência civil. Porque defendo o bom senso