“Tomei consciência de
que a força invencível
que impulsionou o
mundo não foram os amores felizes,
mas os contrariados.”
Gabriel Garcia
Márquez, em “Memórias de Minhas Putas”
Histórias de amor arrebatados ou platónicos. Jovens
perdidamente apaixonados impedidos de concretizarem o seu amor. Separação,
partida, ou mesmo morte como destino final e previsível…
Desde sempre a literatura criou personagens ou deu a
conhecer histórias verdadeiras que trouxeram até aos nossos dias casos de amor
impossível.
A mitologia grega deixou-nos a história de amor de Páris e
Helena de Tróia.
Os celtas presentearam-nos com uma lenda que remonta ao séc.
XIl: Tristão e Isolda.
De Paris do século XII chega-nos a história verdadeira de
Abelardo e Heloísa.
Camões no seu Canto III dos Lusíadas dava a conhecer ao
mundo uma história verídica e trágica do mundo medieval português: o amor único
e verdadeiro de Pedro e Inês de Castro.
E o que dizer do amor trágico de Romeu e Julieta criado por
William Shakespeare?
Ou do amor utópico de D. Quixote pela sua Dulcinéia descrita
por Miguel de Cervantes?
E não foi só a literatura.
Quem não conhece a história do amor impossível de Ilsa e
Rick levado à tela em 1942 por Michael Curtiz? Dito assim poucos reconhecerão
os olhares únicos trocados por Humphrey Bogart e lngrid Bergman em
“Casablanca”.
Ou o amor que não vinga pelos preconceitos de uma sociedade
hipócrita retratada por Scorsese no filme “A Época da Inocência” com o “único”
Daniel Day-Lewis e Michelle Pfeiffer?
E quem não se emocionou com o amor intenso e impossível de
Seth que “…abriria mão de toda a eternidade nem que fosse para tocá-la uma
única vez”.(Maggie)? Nicolas Cage e Meg Ryan deram corpo à “Cidade dos Anjos. O
argumento e a música de Sarah McLachlan e Goo Goo Dolls, fizeram o resto.
Mas o mais importante são as questões que isto do "amor" coloca.
Por que motivo são as
histórias de amor impossíveis que perduram no tempo e vão preenchendo o
imaginário das pessoas?
Será que não há histórias de amor que acabem bem? Será que
cada um de nós, no seu íntimo, se identifica com uma história de amor
impossível?
Ou, melhor ainda, será que o amor existe mesmo? Não será algo que alguém se lembrou de inventar para manter o pessoal entretido?