domingo, 25 de abril de 2010

Injustiça!





Há duas coisas a que temos de nos habituar,

sob pena de acharmos a vida insuportável:

são as injúrias do tempo e as injustiças dos homens.
Sébastien-Roch Chamfort




Tinha doze anos quando fui expulsa da aula de matemática.


Motivo: Insurgi-me contra a professora que tinha marcado injustamente uma falta disciplinar a um colega. De facto, a falta tinha sido cometida por outro colega mas que era filho do "Senhor Dr. Fulano de tal", enquanto que o outro era o "bastardo" que vivia com a mãe que era empregada de limpeza.


Se esta minha atitude valeu um amigo para sempre, a verdade é que ela marcaria a minha vida, também para sempre.


Foi nesse dia que decidi ser advogada. Foi a partir desse dia que entendi que me sentia mais à vontade com as pessoas simples e humildes e não com aqueles que nos davam projecção social. Foi nesse dia que entendi que não conseguia estar calada perante injustiças.


Recordo-me perfeitamente da conversa que tive nesse dia com o meu pai. Então, com a sabedoria que era reconhecida por todos aqueles que privavam com ele, o meu pai disse-me que uma das características que mais gostava em mim era o meu sentido de justiça mas que não tinha qualquer dúvida que seria essa minha característica que mais problemas me daria na vida adulta.


Não se enganou. Sou daquelas pessoas que privilegio o diálogo, a assertividades, o consenso. Não gosto de conflitos. Quando sei que uma discussão não leva a lado nenhum prefiro remeter-me ao silêncio.


Mas esta minha postura não funciona quando o que está em causa é aquilo que eu considero uma injustiça. E esta minha forma de ser trouxe-me mais prejuízos do que benefícios.


O meu pai tinha razão. Mas o curioso é que não me arrependo de ser como sou. Considero a injustiça, seja qual for a forma como ela se apresenta, execrável e que não deve deixar ninguém indiferente. Pactuar com uma injustiça é vender a nossa consciência.


Voltando ao pensamento de Sebastien Chamfort, com as injúrias do tempo, posso eu bem. Mas com as injustiças do homem? Nunca me habituarei...



5 comentários:

Sairaf disse...

Querida NI, o que não falta por ai são as injustiças do homem, também me revoltam, mas não tenho grande à vontade com o diálogo.
Abraço grande
Com carinho
Sairaf

Tenho passado por cá, comentar é que não é possível, mas agora voltei!!:)

Ianita disse...

A melhor qualidade, a mais importante em qualquer sistema de valores é a justiça.

Com sentido de justiça tem-se tudo... respeito pelo outro, empatia, honestidade...

Ainda bem que não te arrependes :)

JCA disse...

Justiça!

palavra que com ela me encontro todos os dias das 00 horas às 23h.59m.

mas hoje com a justiça comemora-se a liberdade!

Sempre justiça, sempre liberdade!

enquanto lutarmos por mais e melhor justiça a liberdade está garantida.

beijinho provocante

Anónimo disse...

Palavras sábias... que uma dia a Justiça prevaleça em todas as nossas acções!

Um beijo doce

Sadeek disse...

Eu não sou advogado nem nunca o poderia ser porque poder ter de vir a defender alguém que eu sabia`, à partida, que seria culpado de algum crime era coisa que não conseguiria fazer. Mas isto das injustiças...há pouca coisa que me tira do sério...mas estas....ARGHHHHHH

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