Esta manhã, depois de uma noite para esquecer, dei-me ao trabalho de perder alguns minutos a olhar para o espelho (acreditem, para mim, perder mais do que breves segundos em frente ao espelho é pura perda de tempo).
Não vim directamente para o trabalho. Optei por andar por umas ruelas a pé e pensar se o que senti naqueles minutos em frente ao espelho foi apenas uma sensação, ou uma certeza.
Ainda não cheguei a nenhuma conclusão. Mas é mais do que uma sensação.
É aquele sentimento de que o tempo passou por nós e é tarde de mais para o agarramos.
De olhar para a família e de ver que as filhas estão criadas e com os sonhos intactos e de que o nosso companheiro está ocupado em prosseguir os seus objectivos enquanto os meus se esfumaram no tempo. De que os objectivos comuns estão cumpridos.
Aquele sentimento de que aquilo que tínhamos que fazer, já está feito. Aquele sentimento de que já recebemos tudo o que a vida nos podia dar. Aquele sentimento de que já demos tudo o que a vida espera por nós.
E, definitivamente, não gosto nada deste sentimento. Mas lá vou ter que encontrar sozinha a melhor forma de o ultrapassar. Nos últimos dois anos tem sido assim...
