"A covardia coloca a questão: 'É seguro?'
O comodismo coloca a questão: 'É popular?'
A etiqueta coloca a questão: 'é elegante?'
Mas a consciência coloca a questão, 'É correto?'
E chega uma altura em que temos de tomar uma posição que não é segura,
não é elegante, não é popular, mas que temos de fazer
porque a nossa consciência nos diz que é essa a atitude correta."
Martin Luther King
Já não é a primeira pessoa, (a minha cara-metade diz-me isso quase todos os dias), que me acusa de, em termos profissionais, ser covarde e que eu sou a única responsável da situação em que me encontro actualmente.
Os argumentos coincidem: eu não uso as "armas" adequadas; se estou à espera que reconheçam o trabalho que faço bem posso esperar sentada; esta vida é uma selva e tenho que usar as "armas" que hoje em dia todos usam; se prejudicar alguém pelo caminho, paciência (fui mais esperta); não se perde nada em "bater à porta" das pessoas influentes e "pedir" (?) o lugar; etc, etc...
Têm toda a razão quando dizem que não uso "as armas letais adequadas".
Mas, esperem lá... defender valores e princípios é ser covarde?
Actuar de acordo com esses valores e princípios é ser covarde?
Pautar a nossa vida e as nossas acções de acordo com o que a nossa consciência diz como sendo a atitude mais correcta é ser covarde?
Recusar assumir as mesmas acções que criticámos é ser covarde?
Esperem lá... ,mas covardia não é quando vemos algo que temos/devemos fazer algo que é certo e não fazemos?
Bom, na verdade, em termos profissionais sou ultrapassada por toda a gente. E tenho a consciência plena de que em muitos casos não é por questões de competência, ou por saberem mais do que eu, ou, ainda, por terem melhor perfil do que eu. Pelo contrário.
Mas esta minha certeza dá-me o direito de "calcar" tudo e todos? De desrespeitar o outro? De ser desleal?
Se me estão a tentar convencer que para assumir um cargo, que eu acho que mereço e que é mais do que justo, tenho que vender a minha consciência, então digo, claramente que não.
Os "outros" são mais "felizes" do que eu? Provavelmente. Mas a "felicidade" dos outros nunca me apoquentou. Mas questiono-me se eles às vezes pensam na "infelicidade" que espalharam para alcançar a sua própria "felicidade".
E estou a borrifar-me que me chamem de covarde.
Nota - Só não me chamem de "crente" porque eu sei que no mundo de hoje esta minha postura não leva a lado nenhum. Mas é uma atitude consciente. É a herança que quero deixar às minhas filhas. Elas que façam com ela o que bem entenderem...