segunda-feira, 28 de abril de 2014

Quando o local de trabalho dá cabo da nossa saúde...

 
  
Sou daquelas pessoas que gosta de trabalhar em equipa e de reuniões de trabalho. Talvez, quem sabe, por ter uma profissão algo solitária.
 
Mas sempre lutei por ter o "meu espaço". Sempre defendi que se passo 8 a 10 horas a trabalhar,(cheguei a trabalhar 14-15 horas e sem ganhar mais por isso), e se a minha função é elaborar pareceres, tenho que estar concentrada e atenta, para além de ter que me sentir bem e estar rodeada de objectos que me façam sentir em "casa".
 
E, na verdade, com mais ou menos dificuldades, sempre consegui ter o meu espaço. Um local onde colocava uma ou duas plantas, um local onde colocava nas paredes os quadros que as minhas filhas iam pintando, um local onde me conseguia concentrar, um local onde me sentia bem por chegar.
 
Até que, em 2009, o meu anterior chefe decidiu que eu ficava melhor com outro colega. Um óptimo colega, excepcional a todos os níveis diga-se, mas que tinha uma função bem diferente da minha. Enquanto eu tinha que fazer pareceres intermináveis ele tinha que passar meio dia ao telefone e a receber pessoas. Escusado será dizer que a dificuldade de me concentrar era imensa. Chegava no final do dia completamente exausta.
 
Um ano depois, por razões que agora não interessam, pedi para sair. No novo departamento o sistema é de open space com cubículos. Durante dois anos lutei para que alterassem o sistema porque as funções que exercemos não é compatível com aquela opção.
 
Valha-nos os santinhos... , mas um serviço que tem como missão fazer auditorias, inquéritos e processos disciplinares e que obriga aos seus funcionários um dever de sigilo rigoroso, é incompatível com a existência  de cubículos em open space onde se confundem os serviços administrativos com os serviços técnicos. Já para não falar dos problemas de desconcentração o que gera, inevitavelmente, problemas de produtividade.
 
Há que saber adequar os locais de trabalho às funções que são exercidas (porque em determinadas funções o sistema de open space até poderá ser o mais adequado)
 
Vem agora um estudo publicado  na revista "Visão" dizer o que defendo há muitos anos:
 
" Os escritórios em open space, ou seja, com estruturas abertas, ou subdivididos em cubículos, podem ser os piores quando se trata do bem-estar e produtividade dos funcionários... O pensamento comum é que os funcionários serão mais felizes e mais produtivos se trabalharem juntos, em vez de separados por paredes de escritório reais. Só que não são!" esclarece um membro da Fast Company, uma imprensa que  inspira a nova geração de líderes, inovadores e criativos, que estão a reinventar ativamente o futuro dos negócios. " A grande maioria dos trabalhadores, presos em cubículos e espaços de escritórios abertos, estão insatisfeitos com os seus ambientes de trabalho; muito mais do que as pessoas que trabalham diariamente em escritórios privados fechados."
 
O mesmo artigo elenca de que forma o trabalho num escritório pode prejudicar a saúde e a felicidade dos funcionários:
 
Assim, os funcionários que trabalham em open space podem ter:
 
- altos níveis de stress e menos motivação
- níveis mais altos de adrenalina, que é uma resposta do corpo ao stress
- maior susceptibilidade a ficar doente devido à facilidade de transmissão e da qualidade do ar que respira
 
É comum dizer-se que um dos maiores problemas do nosso País é ter uma fraca produtividade.
 
Eu digo, um dos maiores problemas do País é ter entidades patronais que não sabem adequar os locais de trabalho às funções específicas que os trabalhadores exercem.
 
 
Ver artigo completo aqui


1 comentário:

Cristina disse...

Sempre trabalhei em open space, e concordo plenamente: mesmo quando estamos mais cansados, sentimos a pressão e o stress aumenta.

O Luís passou o mesmo que tu: trabalhava num local, sozinho, e, com remodelações no escritório passou a open space... escusado será dizer que o anti-social do meu homem chega, diariamente, a casa, com os nervos nos píncaros.

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Porque não defendo:guetos, delatores pidescos, fundamentalismos e desobediência civil. Porque defendo o bom senso