“Se escrevo o que sinto
é porque assim diminuo a febre de sentir.
pois nada tem importância.
Faço paisagens com o que sinto”.
Fernando Pessoa
Porquê ter criado este blogue?
Porquê a insistência em temas que envolvem afectos?
Estas foram algumas questões que me foram colocadas ao longo dos sete anos
que este blogue existe. Vou tentar responder a todas.
Sempre gostei de escrever (aliás, de quando em vez lá me vão acusando de
que os meus pareceres são autênticos “testamentos”, tal é a minha dificuldade
em parar de escrever quando exponho argumentos/opiniões). Mas, acima de
tudo, gosto de "conversar".
É verdade que estamos perante um blog pessoal. Desde logo o objecto está
restringido. Poderia, simplesmente, escrever textos que fossem um reflexo
daquilo que me acontece na vida e que desejava partilhar ou simplesmente
recordar. Não o deixo de fazer de quando em vez.
Mas, mais importante para mim do que partilhar experiências pessoais é
“conversar”.
Tal e qual. Uma conversa virtual, é certo, mas nunca uma conversa
hermética. Uma tertúlia onde se discutem ideias, princípios e valores.
Um texto pessoal é sempre hermético porquanto não deixa de ser um reflexo
daquilo que nos acontece na vida e que desejamos partilhar ou simplesmente
recordar.
Mas, a vida, é muito mais do que a nossa vivência pessoal.A propósito do
que vem acontecendo ultimamente, aqui e ali, na “blogosfera”.
Falar do que somos e de como lidámos com os afectos não é fácil, ao
contrário do que muitos possam pensar.
É relativamente fácil criticarmos um político e/ou uma política
governativa. E, ainda mais fácil, criticar os outros. Espezinhar o bom-nome e a
honra mesmo sem provas, só porque está na moda a ignomínia.
Não é difícil defender a nossa fé, bastará acreditar.
E criticar aquele árbitro que se lembrou de marcar uma grande penalidade
contra a nossa equipa de coração, quando toda a gente viu que foi falta do
atacante que se lembrou de saltar para o costado do nosso defesa? Ainda mais
fácil. Então quando não vimos o jogo mais fácil se torna...
Mas se perguntarmos a alguém porque razão tomou uma atitude e não outra,
dificilmente terá uma resposta imediata. Se perguntarmos porque razão o seu
sorriso é falso, ela pensará duas vezes antes de responder. Se perguntarmos a
alguém qual é a definição de um qualquer afecto, ela olhará para nós antes de
responder e, provavelmente, recorrerá a uma daquelas “frases feitas”,
simplesmente porque alguém já pensou nisso antes e ela não tem tempo para
pensar em “assuntos menores”.
É que, não é fácil falarmos de nós, daquilo que somos e a forma como
interagimos com os outros, de e para a sociedade. É bem mais fácil vestir o
fato da indiferença e/ou da “pseudo intelectualidade” com que encarámos o mundo
diariamente.
Comecei a trabalhar aos 16 anos para tirar o curso que queria. Já perdi
pessoas que amei, já fui traída, já tive momentos felizes, já sofri, já sonhei,
já acordei para a realidade...
No fundo, já vivi.
Mas, mesmo esta vivência não me dá total segurança para falar convictamente
dos meus próprios afectos. Muito menos dos afectos dos outros...
Mas gosto de dizer o que sinto, mesmo que não saiba o que dizer...porque,
simplesmente, gosto de entender. E é na dialéctica que se aprende. É na troca
de opiniões, (em que o respeito para com o outro é a única exigência), que
podemos, quiçá, encontrar uma resposta.
Não sei definir o amor, a amizade, o ódio, o ciúme, a inveja, a
indiferença. Mas em algum momento da minha vida já senti. Porque o ser humano
não é um ser isolado. É um ser que interage, que se dá, que se entrega. E que
recebe. Recebe por vezes aquilo que não merece e/ou está à espera. E o que
fica? O que aprendemos? Mudámos alguma coisa nesta relação de
"deve-haver"? Evoluímos enquanto seres humanos e parte das relações
que se estabelecem todos os dias? Ou fechámo-nos numa redoma porque é mais
seguro?
É destes
sentimentos que gosto de “conversar”.
E gosto de música. É a minha companhia diária.
Deixo-vos com o 1º tema que coloquei neste blogue. E a
escolha não foi despropositada. Significa bastante para mim. Dedico a "ti" e a
todos os que partilham esta minha aventura na blogosfera. Alias e o tema "More than words can say".
Tem sido um prazer enorme fazer esta caminhada convosco...
4 comentários:
Cheguei há muito pouco tempo NI, ainda te estou a conhecer, mas tenho gostado das nossas "conversas". Parabéns. Eu opto por evoluir:) ainda não desisti do ser humano:)...vou tentando:)
Jinhoooooosssssss
Escrever... caramba... é tão bom não é? Eu, pessoalmente, sinto-me afortunado de ter encontrado o teu blog (há + ou - um anito atrás). Sei que já escreveste com mais frequência, mas acho que todos nós passamos por isso. Ainda assim, o teu, é um blog de referência para mim. Cá nos vamos lendo, até já ;)
Já agora, criei um novo blog. Se quiseres aderir, terei todo o gosto em te ver lá (ainda não tem novidades, apenas fiz um clone das histórias do antigo)
Por isso é que já por cá estive noutra pele e regresso! :)
Beijinhos Marianos, Ni! :)
Gostei do que li Ni e concordo contigo adoro conversar e conhecer as pessoas , as emoções a dialéctica da vida. É esta curiosidade em conhecer os "outros" o Ser Humano , que me move ,que me faz andar por aqui na blogosfera. Não tenho blogue, o que , para além da falta de tempo ( acaba por ser uma desculpa muito interior), mas essencialmente porque gosto de uma boa conversa , mas presencial, com as pessoas ali na frente. Desta forma as palavras são ditas sem desfasamento de tempo, esse que não permite pensar no "politicamente correcto", ou nas melhores palavras para o dizer. Gosto daquelas palavras que saem menos elaboradas pelo efeito da escrita, saem de dentro e podem ser trocadas com a mesma velocidade. Onde os sentimentos e as emoçoes são transportadas pelos gestos corporais , pelo olhar , pela presença , um todo que "fala" e que transporta palavras também. Não sei se me fiz entender.
Parabéns pelo teu Blogue e estou grata por me acolheres por aqui e por estas "conversas escritas "que podemos trocar, por esta possibilidae de conhecer o outro á distância de um cliqe, que não deixa de ser uma forma extraordinária a aproveitar! Obrigada.
Como vês o meu espirito de síntese não é grande, mais um motivo que me ajuda numa boa conversa e me desfavorece por aqui.
Beijinhossss
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