sexta-feira, 29 de maio de 2009

Decisão!

Esta semana dei por mim a pensar sobre o motivo que me levava a valorizar tanto o aniversário de casamento.


O casamento dos meus pais durou 22 anos. Exactamente o mesmo número de anos que comemoro este ano. Não chegaram a comemorar os 23 anos porque, entretanto, o meu pai faleceu. Recordo-me que "esse" dia era “sagrado” para os meus pais. Era o dia deles...


Será que, de alguma forma, a valorização que dou à data do meu casamento foi influenciada pela visão dos meus pais? Talvez...


Contudo, penso que há uma outra razão mais plausível.


Há 22 anos eu e a minha cara-metade casámo-nos sem o apoio de ninguém, pelo que apenas pudemos tirar dois dias de lua-de-mel. Talvez, por isso, acalentei sempre um desejo muito pessoal de, algum dia, ter uma “verdadeira lua-de-mel”, numa daquelas ilhas paradisíacas onde o mar é daquele azul infinito...


Enquanto a “minha viagem de sonho” não se proporcionava, todos os anos tirávamos dois ou três dias de férias e escolhíamos um local calmo no nosso bonito País. Um tempo só para nós. Sem emprego, sem filhos, sem família. Só para namorar.


Quando fizemos 20 anos de casados entendi que era chegada a hora de, finalmente, ter a nossa lua-de-mel e tirei uma semana de férias. Contudo, a minha cara-metade não podia tirar férias nessa altura pelo que o “sonho” ficou adiado.


Nos últimos dois anos temos comemorado a data com um jantar.


Mas as perdas que tenho sofrido nos últimos meses provocaram em mim profundas mudanças naquilo que sempre acreditei e, sobretudo, no que sempre valorizei.


Afinal, que é isso de lua-de-mel?


O que é isso de “viagem de sonho”?


O que é que a realidade me diz?


Estou casada há 22 anos. É um facto.


Sem o apoio de ninguém ambos conseguimos construir os alicerces para uma relação a dois. Ambos conseguimos ultrapassar os muitos obstáculos que se colocaram no nosso caminho, alguns dos quais fariam desistir o mais corajoso.


Temos duas filhas que são o nosso orgulho.


Todos os dias é mais um dia na nossa caminhada. Apenas isso!


Conforme escrevi no ano passado, nunca fomos, nem somos, um casal perfeito (nem acredito que tal exista). Mas não duvido que gostamos muito um do outro.


Mas, acima de tudo, sempre fizemos questão de ultrapassar as crises. Porque ambos, ao longo da vida, tivemos que lutar por aquilo que queríamos. Nunca ninguém nos deu nada.


Sei que não sou uma pessoa fácil. Ele também não o é. Mas ambos nos recusamos a aceitar o caminho mais largo e curto.


Por duas ou três vezes quase apeteceu a ambos desistir. Mas, ao olhar um para o outro, facilmente chegamos à conclusão de que valia a pena lutar. Porque valia a pena lutar por aquilo que sentíamos. Porque valia a pena optar pelo caminho mais difícil: toleramos, perdoamos, cuidamos e esperamos.


Porque não subestimamos o poder de um ombro amigo, de um carinho, de um olhar honesto, de um sorriso cúmplice. Porque somos a antítese um do outro, logo completámo-nos.


Porque ambos somos amigos incondicionais, cúmplices e leais. Porque vale a pena fazermos a caminhada juntos.


Assim, e em conclusão, este ano não vou comemorar uma data específica.



6 comentários:

Eu Mesma! disse...

Minha linda....
este texto é das cartas de amor mais sinceras e reais que li.....

sim...
ninguém é perfeito nem nenhuma relação é perfeita... todos temos falhas e como nós.... todas as nossas atitudes e relações por vezes falham mas...

tu e o teu marido contruiram uns alicerces muito fortes... e só por isso... vale a pena vocês comemorarem....

se for com um jantar será ....
se for com uma imperial e caracóis será também...

porque no final o que é importante é... o que vocês realmente sentem um pelo outro e isso sente-se na tua escrita!

:)

Paulo Lontro disse...

Vais comemorar algo bem mais importante, a vida!
:)

VCosta disse...

Concordo com a Eu Mesma!!!
Tá tudo dito...
Deves comemorar à tua relação hoje, amanhã e depois...
pois não é todos os dias que se vê dois seres lutarem por uma relação!
Be happy...
"Don't drink and drive, smoke and fly!"

Tinta Permanente disse...

(falo por mim, é óbvio).

Lutar, sempre lutar... mas a questão é mesmo essa. Alguma vez na vida conseguimos mudar alguém ? Não. Então para quê insistir? Para viver uma vida de adversidade...?

Será a luta a verdadeira razão de existir? Pergunto: que qualidade de vida será essa?

Eu não acredito que os relacionamentos tenham de ser um esforço e sacrifício... acho que não valeria a pena. Serei comodista ou preguiçosa? Ou indiferente? Ou negligente?

Desabafo: tenho sempre a sensação que o alheio quer manipular... modelar em seu proveito. Poucas são as pessoas que se aceitam reciprocamente sem manobras. E talvez sejam essas pessoas que buscamos.

Seja como for. Acho fabuloso 22 anos. Sem dúvida, graças a uma forte aliança.

Beijinhos

Pétala disse...

Eu gosto de comemorar datas, os anos de casada, dia dos namorados, dia da mãe, etc…
Gosto e não entendo esta moda agora de ser “esquisito” este tipo de festejos, porque aquilo que eu não acho normal é banalizarmos os 364 em que somos mães, namoradas, mulheres, filhas, etc…
Isso é que é “normal”? Não festejarmos a alegria de sermos mães a alegria de termos ao nosso lado o homem que amamos e de ainda termos os nossos pais…
Estes dias servem para pararmos e vivermos aquelas horas a usufruir dos sentimentos que realmente são importantes na nossa vida mas que com a correria diária não lhes damos o devido valor ou pelo menos não paramos para os sentir. Por isso eu sou a favor dos festejos das coisas boas!!!
Beijo

NI disse...

E comemorei...

A todos obrigado.

Penso que o segredo tem sido nenhum de nós tentar mudar o outro. Até porque não valia nada pois somos ambos muitos teimosos...Respeitámos a individualidade de cada um. A luta é no sentido de não desistirmos à primeira contrariedade.

Beijos a todos

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