terça-feira, 12 de julho de 2011

A ESCOLHA...



"(...) Morre lentamente...quem evita uma paixão e seu redemoinho de emoções justamente as que resgatam o brilho dos olhos e os corações aos tropeços...Morre lentamente... quem não vira mesa quando está infeliz com o seu trabalho, ou amor, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho. Quem não se permite, pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos...(...)"
Pablo Neruda


A vida é feita de escolhas. A liberdade é isso mesmo.

Escolher o caminho que queremos seguir.

Os sonhos que queremos alcançar.

O trabalho que queremos fazer.

Os lugares que queremos visitar.

Os livros que queremos ler e riscar.

As recordações que queremos guardar.

Os amigos que queremos amar.

A marca que queremos deixar.

Até a hora em que devemos partir...

A verdadeira liberdade é, pois, dificil de alcançar.

Não só porque a nossa liberdade termina quando começa a liberdade dos outros mas, sobretudo, porque impomos a nós próprios regras, princípios e objectivos que colidem com a própria liberdade. Um verdadeiro contra-senso. Utilizámos a liberdade para a retirar das nossas vidas.

Ao longo destes meus 46 anos de vida nunca desisti de lutar por aquilo em que acreditava.

De escolher o caminho e de me fazer acompanhar na longa caminhada da vida das pessoas que eu quis amar.

Uma caminhada com tantas desilusões...tantas injustiças...mas que nunca esmoreceram a minha vontade e o meu querer. Que me derrubaram vezes sem conta e que eu enfrentei de frente, sem medo da derrota. Porque a minha escolha era viver.






Nunca escolhi o caminho mais fácil. Foram sempre caminhos íngremes e duros. Com muitas pedras espalhadas. E utilizei essas mesmas pedras para me ajudar a ultrapassar os obstáculos.

Resignação não fazia parte do meu dicionário de vida. Mesmo quando só me restava um sonho.






Mas 2010 "matou" o último sonho.

Os últimos acontecimentos na minha vida profissional, familiar e pessoal, fizeram-me parar e questionar sobre se valeu a pena tantos anos de luta constante.

É inevitável... mais tarde ou mais cedo (por vezes cedo de mais), questionámo-nos se não é hora de parar de lutar. De simplesmente nos acomodarmos e assistir com um sorriso sereno à sucessão dos dias. Um sorriso de quem deu o seu melhor mesmo que a vida demonstre que não foi o suficiente. Hora de acomodar e deixar de sentir. Porque sentir magoa. E porque há um limite para a dor.

Porque não tem sentido lutar quando os sonhos deixam de existir.

Quando sentimos que já fizemos tudo o que tínhamos que fazer vamos reinventar os sonhos? Valerá a pena?

E pergunto-me se esta não será a verdadeira escolha.






2 comentários:

A Minha Essência disse...

Nunca saberemos de facto até passarmos pelo processo. Sem sentir na pele. Sem estar diante das opções (quando as há), mas uma coisa aprendi ao longo da minha vida (que também não foi e não é fácil), que: "o que não nos mata fortalece-nos!"

Beijo na alma

NI disse...

Essência, a última frase que escreveste foi sempre uma das minhas máximas. Mas a vida tem muitas vezes um sentido de humor negro de mais para o meu gosto.

Beijo

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Porque não defendo:guetos, delatores pidescos, fundamentalismos e desobediência civil. Porque defendo o bom senso