Corria o ano de 2002.
Numa manhã de Dezembro recebo um telefonema dizendo que tinha cinco minutos para arrumar as minhas coisas pois ia mudar de serviço. Em resposta disse que era impossível empacotar dezasseis anos da minha vida em cinco minutos.
Mesmo assim, e por uma questão de orgulho pessoal, consegui empacotar tudo numa manhã e da parte da tarde estava apta a assumir as novas funções. Nessa altura prometi a mim mesma que nunca deixaria acumular muita coisa no novo gabinete, não fosse receber uns tempos mais tarde telefonema de igual teor.
Mas todos aqueles que acompanham esta sala de estar sabem que padeço de um mal terrível: gosto de trabalhar. Para mim não há horários. Ora, estando eu, durante oito anos, no meu local de trabalho cerca de 10 horas por dia, era inevitável que, pouco a pouco, fosse transformando o meu gabinete de trabalho numa pequena "divisão caseira".
Primeiro foi uma fotografia das filhotas. Depois, juntou-se uma da cara-metade.
Mais tarde foram os quadros pintados à mão pelas filhotas e umas plantas para disfarçar a falta de tempo para ir até um jardim.
Mas como quem entra no trabalho às 8.15 h. da manhã e sai depois das 19 horas (foi a minha vida até Março deste ano) fica com pouco tempo para tratar de assuntos com bancos, finanças e afins. Há que fazer tudo pela net e nas pausas do trabalho. Porque razão havia de andar com papéis de um lado para o outro? Vai daí, ter uma pasta para arquivar dcumentos do banco, outra para pagamentos diversos, outra para o IRS, etc, etc... Quando damos conta temos a nossa vida pessoal dos últimos 8 anos arquivada em pastas e pastinhas.
Mas trabalhar muitas horas seguidas pode dar dores de cabeça. O stress não é aconselhável para quem tenha úlceras. E os dentes? Nem me falem de dor de dentes. O que é necessário? Uma caixa de medicamentos bem apetrechada.
E nem pensar estar o dia todo sem lavar os dentes. Há que ter sempre perto produtos de higiene. E, por falar em higiene, é bom não esquecer que a todo o momento podemos ser chamados para reuniões com os chefes. Há que ter bem guardado um conjunto sempre útil para uma mulher: escova de cabelo, um lápis preto, um perfume e, sempre importante, um par de meias a mais não vá o raio da cadeira que já viu melhores dias "puxar" um daqueles fios bastante sensíveis.
Se a tudo isto juntarmos o facto de que a função de jurista obriga a livros, toneladas de legislação e de pareceres, estão a ver o trabalho que vou ter até sexta-feira, apesar desta vez sair pelo meu próprio pé e na altura que quero.
Que raio de mania a minha de guardar tudo...
E é que nem me adianta prometer a mim mesma que não vou cometer o mesmo erro. Não seria eu se não me visse rodeada das coisas que me dão a sensação do conforto do lar...
E, por falar am lar, fiquem com a música que estou a ouvir neste momento.
2 comentários:
Este post está o máximo... uma grande parte de nós, acaba por fazer um pouco isso... na minha secretária, tenho uma colecção de brindes dos ovos kinder.... e do Mc Donalds que a minha filha me deu, para eu brincar na pausa do almoço
;)
A minha até um pequeno ursinho de peluche oferecido por uma amiga além mar...
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