Quem me quiser há-de saber as conchas
a cantigas dos búzios e do mar.
Quem me quiser há-de saber as ondas
e a verde tentação de naufragar.
Quem me quiser há-de saber as fontes,
a laranjeira em flor, a cor do feno,
à saudade lilás que há nos poentes,
o cheiro de maçãs que há no inverno.
Quem me quiser há-de saber a chuva
que põe colares de pérolas nos ombros
há-de saber os beijos e as uvas
há-de saber as asas e os pombos.
Quem me quiser há-de saber os medos
que passam nos abismos infinitos
a nudez clamorosa dos meus dedos
o salmo penitente dos meus gritos.
Quem me quiser há-de saber a espuma
em que sou turbilhão, subitamente
- Ou então não saber a coisa nenhuma
e embalar-me ao peito, simplesmente.
Rosa Lobato de Faria
Adeus, e obrigado pela companhia que me fizeste com os teus poemas.
4 comentários:
e os livros...
e as musicas...
"Chamar a Música", interpretado por Sara Tavares, por exemplo.
Impressionante a versatilidade desta Senhora, de uma jovialidade tamanha, em que não era visível a real idade.
Vai-nos fazer falta, mas iremos encontrá-la com enorme frequência no seu legado.
Também o meu obrigado a Ela.
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Rui, era de facto uma pessoa versátil e que nunca foi devidamente reconhecida pela critica. Mas tem textos magníficos e com alguns dos quais eu me identifico.
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