terça-feira, 4 de outubro de 2011

Amor impossível...


“Tomei consciência de que a força invencível
que impulsionou o mundo não foram os amores felizes,
mas os contrariados.”

Gabriel Garcia Márquez, em “Memórias de Minhas Putas”



Histórias de amor arrebatados ou platónicos. Jovens perdidamente apaixonados impedidos de concretizarem o seu amor. Separação, partida, ou mesmo morte como destino final e previsível…

Desde sempre a literatura criou personagens ou deu a conhecer histórias verdadeiras que trouxeram até aos nossos dias casos de amor impossível.

A mitologia grega deixou-nos a história de amor de Páris e Helena de Tróia.

Os celtas presentearam-nos com uma lenda que remonta ao séc. XIl: Tristão e Isolda.

De Paris do século XII chega-nos a história verdadeira de Abelardo e Heloísa.

Camões no seu Canto III dos Lusíadas dava a conhecer ao mundo uma história verídica e trágica do mundo medieval português: o amor único e verdadeiro de Pedro e Inês de Castro.

E o que dizer do amor trágico de Romeu e Julieta criado por William Shakespeare?

Ou do amor utópico de D. Quixote pela sua Dulcinéia descrita por Miguel de Cervantes?

E não foi só a literatura.

Quem não conhece a história do amor impossível de Ilsa e Rick levado à tela em 1942 por Michael Curtiz? Dito assim poucos reconhecerão os olhares únicos trocados por Humphrey Bogart e lngrid Bergman em “Casablanca”.

Ou o amor que não vinga pelos preconceitos de uma sociedade hipócrita retratada por Scorsese no filme “A Época da Inocência” com o “único” Daniel Day-Lewis e Michelle Pfeiffer?

E quem não se emocionou com o amor intenso e impossível de Seth que “…abriria mão de toda a eternidade nem que fosse para tocá-la uma única vez”.(Maggie)? Nicolas Cage e Meg Ryan deram corpo à “Cidade dos Anjos. O argumento e a música de Sarah McLachlan e Goo Goo Dolls, fizeram o resto.

Mas tudo isto para lançar uma questão? Por que motivo são as histórias de amor impossíveis que perduram no tempo e vão preenchendo o imaginário das pessoas?

Será que não há histórias de amor que acabem bem? Será que cada um de nós, no seu íntimo, se identifica com uma história de amor impossível?

Se vos perguntarem para dar o exemplo de uma história de amor impossível vocês conseguem responder. E de um amor que parecia impossível e se concretizou? Recordam-se com a mesma facilidade?

Será pelo motivo invocado por Eça de Queiroz: “O amor eterno é o amor impossível./ Os amores possíveis começam a morrer no dia em que se concretizam.” ?


Fiquem com uma música que faz parte da banda sonora de um filme que retrata mais um amor impossível. Para mim, uma das mais bonitas histórias que os séculos não apagaram…

 
 

4 comentários:

Confuskos disse...

Começas por citar o mestre, mereces todo o meu respeito! Bom livro, este teu amigo preguiçoso devorou esse livro rapidamente e durante dois dia entreguei todos os meus sentidos a vivenciar essa história, nas palavras sábias do mestre G.G.M.

De entre as outras referências que fizeste, adoro o “Casablanca” onde nunca chorei no final (os homens não choram a ver filmes)e deixei-me dormir duas vezes a (tentar) ver “A Cidade dos Anjos", muito embora tenha esse CD há vários anos e adoro cada música dele.

O motivo pelo qual "as histórias de amor impossíveis que perduram no tempo e vão preenchendo o imaginário das pessoas", quanto a mim prende-se pela ilusão própria das pessoas em encontrar essa coisa do Amor, como não o conseguem explicar, menos ainda provar que existe, entramos no campo da crença e aí tudo é possível!! Na verdade o que é desconhecido, mas +/- engraçado e une as pessoas, por vezes um mero carinho inexplicado, acaba exaltado e é-lhe atribuído um poder e grandeza que de facto não tem e faz-se demasiado alarido em relação a coisas inexistentes!!

O AMOR É UMA TRETA!!!!!!!!!!

Não me identifico com nenhuma história de amor impossível, já o fiz, talvez sim, depois abri os olhos!!

Um amor que parecia impossível e se concretizou?? - O amor não existe!! :P

E realmente concordo: “O amor eterno é o amor impossível./ Os amores possíveis começam a morrer no dia em que se concretizam.” - este é o verdadeiro retrato de tudo o que eu disse em cima, o amor não existe, daí que, quando (teoricamente) se concretiza... morre! É esta a "cenoura" que faz andar meio mundo!!!

Simples, não?

Beijinho *

S* disse...

Sou absolutamente apaixonada por esses amores antigos, históricos e impossíveis... mas mesmo assim invencíveis!

NI disse...

Confuskos, olha que a tua teoria tem algum fundamento. :)

S*, já reparaste que o drama é mesmo esse? Serem invencíveis e, contudo, nunca concretizáveis. Qual é a lógica?

Beijos

Petra disse...

Porque o facto de serem impossíveis, torna-os mais fortes, mais intensos... Mágicos.

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