Hoje alguém me dizia que era impossível estar apaixonada por determinada pessoa.
Quando perguntei porquê, a resposta foi a usual: "não temos nada em comum, a relação nunca daria certo."
Imediatamente pensei que estamos tão convencidos da solidez das nossas convicções em matéria de afectos que quando aconetece algo que pode abalar as nossas convicções, tratamos de afastar o elemento perturbador.
Será a melhor estratégia?
Como nunca gostei de fugas, e gosto de enfrentar os desafios de frente, digo que não é, definitivamente, a melhor estratégia.
E foi isso que lhe disse.
Será que foi um olhar de esperança que me deu? Espero bem que sim... Espero que arrisque!
É tão difícil falar e dizer coisas que não podem ser ditas.
É tão silencioso.
Como traduzir o silêncio do encontro real entre nós dois?
Dificílimo contar.
Olhei pra você fixamente por instantes.
Tais momentos são meu segredo.
Houve o que se chama de comunhão perfeita.
Eu chamo isto de estado agudo de felicidade.
Clarice Lispector
Já que estamos no último dia do mês em que faço anos, só podia ter escolhido um pensamento de romantismo bacoco. Ou então sou eu que estou a ficar cínica.
Ora muito bem, pelos vistos os "peixinhos" estão a ter ter uma semana em grande.
"Durante este período os astros poderão trazer grandes benefícios sob o ponto de vista financeiro e amoroso... e irá demonstrar fortes sentimentos de coragem e verá reforçado o seu espírito de combate."
Cá para mim, os meus paizinhos enganaram-se na data do meu nascimento e eu sou tudo menos "Peixes".
Mas, pelo sim e pelo não, já tenho o totoloto ao meu lado.
Quanto ao aspecto amoroso, bom, apesar de tudo eu sou amorosa. A sério. Não vejo como posso ser mais amorosa.
Coragem e espírito de combate? Será que tem a ver com o cocktail de medicamentos que estou a tomar e que vêm acompanhados de umas contra-indicações que só mesmo alguém com coragem para morrer da cura e não da doença toma?
Uma coisa é certa: se deixar de aparecer é porque me saiu o totoloto. Ou, então, uma reacção alérgica ao cocktail.
Ninguém para nos atazanar e obrigar a fazer o que não é da nossa natureza.
O único problema da solidão é que quando estamos envolvidos por ela,
sentimos uma imensa falta das outras pessoas."
Isaac Bianchi
Por motivos profissionais passei a manhã de hoje no meu antigo local de trabalho.
Um colega ao ver-me chegar questionou-me se estava tudo bem e se não tinha saudades de trabalhar naquele local. Respondi que não.
Há aquelas horas em que temos que nos fazer de fortes e avançar. A vida não pára. E nós não podemos ficar reféns do tempo.
Mas é obvio que tenho saudades.
Acima de tudo saudades da cumplicidade que partilhei.
Dos diálogos silenciosos que tive. Dos olhares cúmplices. Das conversas em que se falava de tudo menos do trabalho. Do descobrir os nossos pensamentos sem nada dizer.
Nos últimos meses tenho feito uma longa viagem solitária.
Sem "cúmplices" no trabalho. Sem "cúmplices" em casa. No fundo, sem conversas.
O ex-deputado colombiano Óscar Tulio Lizcano, quando da sua libertação após um longo cativeiro em que foi feito refém pelas Farc, disse:
"A solidão era terrível. Para me entreter eu apanhava galhos, numa folha de caderno colocava-lhes nomes e dava-lhes aulas durante três horas seguidas."
Não tem também mãos, sentidos, inclinações, paixões ?
Porque é que um homem não devia chorar?"
August Strindberg
Muitas vezes ouvimos a expressão "homem não chora". Ou, melhor ainda, "O homem também chora".
O problema começa logo com a utilização do advérbio "também".
Quando alguém utiliza tal expressão recuo aos tempos em que minha mãe enaltecia a beleza física de uma das minhas irmãs dizendo, mais ao menos isto: " a ... é muito bonita mas a... também é, minha rica filha".
Pois...
As mulheres choram. E os homens também. Como se fosse uma característica alternativa de compensação.
Mas porque raio não haviam de chorar? São alguns seres especiais feitos de uma liga de carbono desconhecida?
Devo confessar que não entendo essa aculturação bacoca do homem feito argamassa.Mais a mais, porque eles estão convencidos que é isso que uma mulher (e, já agora, a sociedade em comandita), espera deles.
Se uma mulher quisesse um ser artificial arranjava um boneco de borracha (espero que não tenham feito apenas mulheres de borracha para gáudio dos meninos).
Não entendo como podem pensar que são mais atractivos aos olhos das mulheres demonstrando que não têm sentimentos ou, pior ainda, que não os conseguem demonstrar.
Um homem, que se preze, chora. Chorar não é sinónimo de fraqueza. Chorar significa que é um ser vivo e que sente pelos cinco sentidos.
Um homem que não chore, não é um ser forte. É um ser incompleto porque manifesta incapacidade de demonstrar o que verdadeiramente sente.
Não se está aqui a falar do choro "simulado", para obter algum benefício, tal qual uma criança mimada. Mas de chorar porque sente uma perda, uma dor, uma saudade...
E o que se diz para o choro diz-se para a partilha. Os homens nunca têm problemas e se os tiverem há que os ultrapassar. Mas...sózinhos. Porque razão haviam de partilhar o "fardo"?
Se é assim porque raio não vão para uma ilha deserta? Assim não partilham o "fardo" com ninguém.
Ainda dizem que as mulheres são complicadas...
Já agora, quando virem um menino de cinco anos a chorar, não digam que homem não chora. Deixem-no sentir. Perante ele e perante os outros.
Esta é uma das imagens que sempre nos merecem comentários do estilo, "que queridos", ou "os animais é que sabem", ou, ainda, "a amizade é linda, não é"?
Bom, podem dizer o que entenderem.
Uma coisa é certa: não foi uma imagem destas que presenciei há minutos atrás quando a gata da vizinha tentou vir partilhar a comida da minha gata.
Chiça..., se não me metia ao "barulho" a situação terminava mal.
Diálogo ouvido há cerca de dez minutos atrás quando fui tomar café entre uma mulher de cerca de vinte anos e um homem que aparentava cinquenta.
Ai...o amor é lindo, não é?
Ok, assumo. Hoje estou de mau humor (é mais cansaço do que outra coisa), mas podem ter a certeza que a única coisa verdadeira entre aqueles dois era a falta de cabelo do dito cujo. Tudo o mais "transpirava" falsidade. Como é possível as pessoas contentarem-se com relações falsas? Que raio de satisfação retiram daí? - (Está bem, até são capazes de ter alguma satisfação, quanto mais não seja de uma "rapidinha")...
Nota - Estou a precisar de uma massagem que o raio do ombro dói como tudo.
Para gáudio de muitos (com S. Excelência, o Senhor Presidente da República, à cabeça), o Governo está em gestão. Agora, é só esperar por novas eleições e gastar uns milhões de euros valentes com subvenções para os partidos políticos e uns milhões ainda mais valentes para pagar indemnizações aos dirigentes e afins que não terminam as respectivas comissões de serviço (também conhecidos por boys do PS), dado que serão substituidos por outros dirigentes e afins (também conhecidos como boys do PSD).
Para gáudio de outros, o Tribunal deu razão ao Carlos Queiróz que vai receber uma bela indemnização (são mais uns "milhõezitos de euros"), e falta saber o que vai acontecer aos médicos que deram início a um processo milionário.
Ainda, para gáudio de outros (aqueles que se aproveitam do desporto, como o futebol, para descarregar as frustrações diárias), o clima para o jogo entre Benfica e F.C. do Porto está "quentinho".
Para desgraça de outros, a crise vai aumentar.
E ainda se queixam que no nosso País é um marasmo...
Ainda pensei colocar uma música popular portuguesa para comemorar todos estes acontecimentos.
Mas foram emoções a mais!
Apreciem este música...
Nota 1 - E nas últimas 24 horas desaparece um Senhor (com quem tive o privilégio de aprender quando entrei para a rádio. Se hoje sei colocar a voz, devo a ele. Uma pessoa que valia a pena conhecer e ouvir. Artur Agostinho).
Nota 2 - E, também nas últimas 24 horas, desaparece o segundo elemento do par que me prendeu horas e horas em frente da televisão, tantas foram as vezes que vi um dos meus filmes preferidos - "Gata em telhado de zinco quente" -. Depois de Paul Newman, foi a vez de Elizabeth Taylor.
Todos os chefes que me calharam na rifa foram, e são, unânimes em reconhecer uma das minhas "capacidades": a qualidade de escrita dos meus pareceres.
Não é que não fique agradada com tais elogios mas, confesso, gostaria que esse meu "jeito" para a escrita não se restringisse a uns pareceres/relatórios de dezenas de páginas que ninguém lê.
Gostava, por exemplo, de ter jeito para escrever um argumento para um filme. É que a minha vida dava um belo argumento...
Vem isto a propósito de algumas pessoas pensarem, por breves instantes, de que a "je" é estúpida.
Confesso que, por vezes, até me divirto a apreciar as suas tentativas. Mas, outras vezes, opto por mandar as minhas "mensagens encriptadas". E, com excepção de uma pessoa que sempre as conseguiu entender,( mas não é de admirar pois também consegue dizer as mesmas coisas em que estou a pensar num determinado momento - raro, muito raro -), a verdade é que no final são elas que ficam com cara de parvas a olhar para mim.
A humildade, que não a subserviência, não fica mal a ninguém. E detesto quando alguém, quase sempre incompetente, pretende fazer-se mais do que outra pessoa só porque tem conhecimentos e/ou dinheiro.
Da minha parte bem podem dar uma "uma volta ao bilhar grande", porque a vaidade imensurável e os egos narcisistas nunca foram características que gostasse num ser humano, pelo que a indiferença é a melhor atitude.
Agora, quando essas características são exacerbadas em consequência de "poderes de direcção", e quando são direcionadas para alguém que não tem formas de se defender, aí o meu lado de "escorpião" vem ao de cima. e, mesmo não sendo nada comigo, reajo de imediato..., docilmente e com um sorriso sarcástico (aqui já é o lado de peixes a funcionar), com as mensagens encriptadas.
E, por incrível que pareça, não é que eles ficam convencidos que lhes dei um enorme elogio? Arre....
A música de hoje? Já que falámos do meu desejo de saber escrever outras coisas que não pareceres técnicos, deixo-vos com este homem que brinca com as palavras como ninguém. E, como se não bastasse, "cobre-as" de sentimento.
Uma das vantagens de estar em casa sem fazer nenhum é colocar em dia o correio.
246 mail´s por ler não é tarefa fácil.
Depois de mandar alguns para o intrigante "caixote do lixo" (principalmente aqueles que me oferecem milhões de dólares por algo que desconheço), li atentamente alguns mail's que me chegaram, a maioria do outro lado do atlântico, e esses foram para a pasta que "baptizei" de "consultório sentimental".
Algumas questões são curiosas e sobre as quais, sinceramente, não tenho opinião formada.
Neste post trago, precisamente, uma dessas questões.
A "S" questiona se vale a pena lutar por um amor impossível.
Em primeiro lugar, seria necessário saber o que é isso de "amor" e "impossível". Uma definição clara.
Mas será possível definir amor? E impossível? É que, o que para mim pode ser impossível de alcançar, para outra pessoa pode ser extremamente simples.
E alguém sabe definir o que é o amor? Podemos tentar. Mas, confesso, gosto mais de sentir do que definir. Ou melhor, não sei definir.
Mas, admitindo que são conceitos perfeitamente definidos e universais, será que vale a pena lutar por um amor impossível?
Não sei. Mas gosto de pensar que a minha escritora favorita, Pearl Buck, tem razão quando afirma:
"Até prova em contrário, todas as coisas são possíveis
e mesmo o impossível talvez o seja apenas nesse momento."
Até porque uma pessoa desconhece o que futuro nos reserva.
À medida que vamos envelhecendo muitos de nós perdemos uma das maiores capacidades que o ser humano tem. A capacidade de sonhar.
E eu sempre acreditei que a alavanca do mundo é o sonho e a capacidade de colocarmos em prática os meios para atingir os nossos sonhos.
Mas sou suspeita porque, para mim, uma das cenas mais belas que o cinema animado nos porporcionou é esta:
Graças à "paragem forçada", ´vi-me obrigada a tentar ocupar o tempo.
Ontem à noite revi um dos espectáculos das Celtic Woman e quando estava a ouvir a minha música preferida, eis que a minha filha mais nova lança a "bomba":
- Mãe, já reparaste que tens o cabelo, os olhos e o sorriso da que está a cantar?
- O quê? - exclamei eu -.
- A sério mãe. Até tens a barriga saliente como ela...
Fosga-se...
A minha filhota tem uma capacidade invulgar de, num curto diálogo, eliminar um elogio...até porque o meu cabelo é mais escuro e os meus olhos são castanhos esverdeados.
Já agora, segundo a minha filha, esta é a minha sósia (eu bem digo que os óculos não são para estar em cima da secretária, mas ela não me liga nenhuma).
Como ainda não estou a 100%, deixo-vos com o habitual pensamento para a semana que dentro de poucas horas se inicia e com uma música retirada do baú de recordações ( do filme "Same Time Next Year", realizado em 1978).
Tenham uma grande semana.
"Amar talvez seja isso...
Descobrir o que o outro fala mesmo quando ele não diz.
No último mês as seis mensagens com maior número de visualizações foram:
1. "8 horas na pré-história..." - Bom, com a crise que vai no Japão, arriscamo-nos a que sejam mais do que 8 horas.
2. "Como conquistar um homem do signo de peixes" - Não faço a mínima ideia. Em primeiro lugar casei com um capricorniano e, em segundo lugar, sou mulher...do signo de peixes.
3. "Na vida é tudo relativo... " - A sério? Olha a novidade. Ando há anos a afirmar isto.
4. "Os Homens... " - Pois. O que se pode dizer sobre os homens? Por exemplo, que nasceram para nos darem cabo do 5º piso...
5. "Infidelidade" - Ora aqui está um conceito maleável. Há quem o tente definir, há quem o critique e, finalmente, há aqueles que gostam de praticar para poderem falar com autoridade.
6. "A Mulher do Signo de Peixes" - Está boa, muito obrigada, e recomenda-se. E quanto mais velha melhor.
Esta manhã ouvi alguém dizer que a concretização dos afectos nos reconduziam a um aspecto essencial das relações humanas: a nossa capacidade de nos colocarmos na "posição do outro".
Aquela velha máxima "não faças aos outros aquilo que não gostarias que fizessem a ti", vai, "à contrario", ao encontro do que é necessário para a concretização dos afectos.
Quando nos damos, verdadeiramente, estamos a exercer a nossa generosidade. A generosidade não implica retorno. Não implica sacrifícios. Não implica valores materiais. Os afectos não são prendas. Estas poderão ser apenas uma exteriorização dos nossos afectos. Uma forma de dar. Apenas isso.
A generosidade é um acto voluntário de dar. Mas dar porque queremos e não porque esperamos receber de volta.
Mas quando damos, ou nos damos, devemos ter a percepção se é isso que o outro gosta, ou quer. E não se é aquilo que gostamos ou queremos.
Desta forma, podemos facilmente saber que o outro, numa determinada altura, não precisa de qualquer bem material. Apenas um palavra, um sorriso, um abraço será o melhor a dar e a melhor forma de nos darmos.