terça-feira, 21 de setembro de 2010

O mundo dos afectos é lixado...



O meu maior medo foi sempre o de ter medo
- física, mental ou moralmente -
e deixar-me influenciar por ele
e não por sinceras convicções
Eleanor Roosevelt




É curioso mas acho que nem eu nem os meus chefes queremos assumir uma ruptura. Pelo menos a julgar pela solução de compromisso encontrada.

Apesar de ter consciência que era melhor para mim sair e recomeçar de novo, pela primeira vez acho que tenho medo de abraçar um desafio. A forma como as coisas decorreram em termos profissionais deixaram mazelas na minha auto-estima. Durante meses questionei a minha capacidade de trabalho, a minha competência técnica, eu sei lá... Cheguei a uma altura em que já nem confiava em mim enquanto mãe e mulher. Sabem aquela sensação de olharem no espelho e dizerem para a vossa imagem que não valem mesmo nada?

Nunca na minha vida fugi aos desafios. A esse nível sempre me considerei corajosa. Mas não vejo outra justificação para esta minha relutância em avançar...


Quando deixámos de acreditar, o medo vence.

Por seu turno, os meus chefes também não decidem. Quero crer que é por pretenderem que a decisão seja minha. Mas bem lá no íntimo, quero acreditar que, de alguma forma, ainda faço falta neste local.

Mas, neste momento, as razões pouco importam.


Foi encontrada uma solução de compromisso. Metade do tempo estarei no mesmo local de trabalho. No restante irei assumir novas funções noutro local.

Será assim durante um mês... à experiência. Depois, bom, depois a decisão cabe exclusivamente a mim.

Depois?

Não sei.


Pois é. O mundo dos afectos é lixado...



6 comentários:

Francisco o Pensador disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Francisco o Pensador disse...

Nina, sei bem o que sentes porque já passei também eu por uma situação semelhante. Habituamo-nos ao longo de vários anos a executar uma função dentro de uma empresa, que a mesma deixa de ter segredos para nós e estamos seguros de que cumprimos o nosso dever profissional, justificando dessa forma o dinheiro que recebemos ao fim do mês.
De repente, temos que iniciar algo novo e esse "novo" cria-nos um sentimento de insegurança porque não conhecemos a casa, o caminho, nem tão pouco sabemos criar uma imagem daquilo que nos aguarda e que irá se deparar diante de nós.

Que irei fazer?
Como deverei fazer?
Saberei corresponder às expectativas? e se não souber?
Será que a minha cabeça ainda está fresca o suficiente para assimilar tudo aquilo que me for apresentado pela frente?.....saberei aprender?

São muitas perguntas, não é nina?
São de facto muitas perguntas que requerem respostas imediatas para sossegar o nosso medo e o nosso sentimento de insegurança.

Da minha parte, só obtive resposta a todas essas perguntas muito tempo após ter sido obrigado a assumir os meus novos desafios.
E a resposta foi bastante óbvia: Tudo se aprende com um minímo de vontade e de gosto por aquilo que fazemos.
E o medo?
O medo é maravilhoso nina, mantém-nos despertos, concentrados, em alerta constante e faz revelar aquilo que existe de mais talentoso em nós.
O medo é um saboroso elixir para a nossa alma.

Por isso Nina, na minha opinião, acho que a solução de compromisso que vocês encontraram foi uma solução sensata.
Isso vai fazer com que possas te familiarizar com o teu novo local de trabalho, sem pressões exageradas, e assimilares também as metodologias/conceitos de trabalho que porventura venham a revelar-se necessárias(os), assim como as novas responsabilidades que te vão ser confiadas.

Não temas, estou certo de que não há razões para isso.

Sadeek disse...

A minha amiga, com a sua mais que reconhecida sensatez, saberá resolver este imbróglio com uma perna às costas! Tenho dito!

BEIOJOOOOOOOOOO

TM disse...

O mundo dos afectos é lixado, mas o desconhecido também é um bicho que mete muito medo...
Mas há que assustar o bicho e seguir em frente!!!!

Eu Mesma! disse...

Afectos ou habito Ni?

Penso que está no momento de cortares esse cordao umbilical....

ja nao te é saudavel essa ligação e ... os teus chefes nao estao a ser afectuosos... apenas lhes é confortavel tu não virares as costas....

arrisca!
pior nao será :)

Ianita disse...

Às vezes é mais corajoso ficar do que sair.

Às vezes é mais corajoso enfrentar que dar as costas.

Tudo depende se esta é a tua guerra. Se é a tua luta.

A decisão que tomares, toma-a em consciência. De ti para ti.

Ficar não é igual a comodismo. Às vezes é mais cómodo sair. Tudo depende do que sentimos.

É uma decisão que só tu podes tomar. Porque às vezes respirar fundo e virar as costas, deitar a toalha ao chão é também um grande acto de coragem.

Bona Fortuna

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Porque não defendo:guetos, delatores pidescos, fundamentalismos e desobediência civil. Porque defendo o bom senso