quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Histórias da Vida - 1º



Ao longo da minha vida profissional já me deparei com imensas situações. 

Hoje começo esta nova rubrica com uma história que já tem cerca de 15 anos. Obviamente terei que omitir os nomes dos protagonistas e os locais de trabalho.

Mas vamos à história:

O N. era bombeiro (era porque neste momento já está reformado). Antes de continuar devo dizer que o N. era conhecido por ser o "barraqueiro" lá do sítio. Uma coisa era certa: onde o N. estivesse a má disposição não entrava. Continuando...

Numa bela noite de Verão estava de piquete e receberam uma chamada para ir combater um incêndio que deflagrava numa habitação. Chegados ao local, aperceberam-se que o fogo era afinal num terreno baldio. De qualquer forma, como perto se situava uma habitação, o chefe mandou o N. pedir às pessoas que lá habitassem para a abandonarem por uma questão de precaução.


E o N lá foi à habitação. Bate à porta e atende-o um senhor já perto dos 80 anos que mal se mexia apesar da ajuda de uma bengala. Acontece que o idoso não recebeu muito bem a notícia de que teria que sair da habitação e não tem mais nada: levanta a muleta e...aqui vai disto! Deu forte e feio no pobre do N.

Este, que nunca gostou de ser o primeiro a rir decide fugir a sete pés e vai ter com o chefe com o qual tem, mais ao menos, este diálogo:

Chefe - Então N.? Não estava ninguém na habitação.

N - Estar está chefe. Mas o velhote diz que só sai se for o Chefe a falar com ele.

Chefe - Ora que raio, mas não o conseguiste convencer?

N - Eu bem tentei chefe mas ele diz que só fala com o meu superior.

Perante isto que remédio teve o chefe senão ir falar com o velhote. Chegado lá, nem tempo teve de dizer boa noite. A bengala deu-lhe as boas vindas e "arreou-lhe" forte e feito, de tal modo que conseguiu fazer uma ferida na cara.

Escusado será dizer que o chefe decidiu fazer uma retirada estratégica e pedir ajuda para retirar o teimoso velhote da habitação.

Já à beira do N. o chefe ainda incrédulo exclamou: - E não é que o velho me deu uma tareia? 

Ao que o N, com o ar mais cândido lhe respondeu: - Ai o chefe pensava que só eu é que ia levar? Ou levam todos, ou não leva nenhum.

No dia seguinte uns quantos funcionários juntaram-se e ofereceram uma bengala ao chefe para assinalar a ocorrência.



Nota - Decidi começar esta rubrica com uma das muitas histórias relacionadas com um grupo de homens e mulheres por quem nutro um respeito enorme e a quem presto a minha homenagem. 


4 comentários:

Confuskos disse...

Acho muito bem!

Chega de previsões!!! :P :P

Beijinho*

NI disse...

Que previsões? Eu nunca fiz previsões na minha vida.

:)

Beijo

Borboleta sem flor disse...

Ossos de ofícios dos Soldados da Paz.

NI disse...

Borboleta sem flor, antes de mais sê bem vinda a este cantinho.

E, sim, eles passam por muitas situações difíceis e que algumas vezes têm como consequência a morte. Do grupo do N. perderam a vida num incêndio quatro Soldados da Paz.

Beijo

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Porque não defendo:guetos, delatores pidescos, fundamentalismos e desobediência civil. Porque defendo o bom senso