Já aqui falei de um assunto que assume alguma importância para mim: a violência contra as mulheres.
A sua prática, enraizada na cultura e nas tradições de muitos países, atravessa os tempos.
Referi, então, que a mulher sofre diversas formas de violência e que a grande maioria dos casos de violência são exercidos sobre as mulheres pelo seu marido ou pelo seu companheiro, constituindo a violência física uma das expressões extremas das formas que pode revestir.
Por incrível que possa parecer, todos os estudos indicam que o lugar menos seguro para a mulher é a sua própria casa. Segundo dados mundiais, o risco de uma mulher ser agredida em casa, pelo marido, ex-marido ou actual companheiro, é nove vezes maior do que o de sofrer alguma violência na rua.
Mais incrível ainda, é a cumplicidade da sociedade face a este problema com a consequente impunidade.
É verdade que a recente alteração legislativa (que passou a considerar a violência conjugal como um crime público), passando o problema a ser encarado como um problema social a combater, tem vindo, de forma gradual a transformar este fenómeno mais visível. Mas, não é menos verdade, que só chega ao conhecimento das autoridades aqueles casos em que a mulher necessita de cuidados médicos.
Facto curioso é o número significativo de casos provenientes das classes alta e média alta, contrariando a tese, de que a violência contra a mulher, é apenas o resultado de uma cultura da pobreza ou da baixa escolaridade. Mais, ainda, é o número significativo entre jovens namorados.
Vem tudo isto a propósito pelo facto de hoje ter marcado um julgamento em que teria que defender um homem acusado de violência reiterada sobre a mulher. Da última investida doeste "homem corajoso" resultaram: uma fractura maxilar, duas costelas partidas e vários hematomas. A mulher, essa, continua a viver com ele.
Uma grande amiga questionou-me: e vais defender esse indivíduo? Felizmente pude responder que não. E não tive que violar qualquer norma deontológica.
5 comentários:
Também por isto é que gosto muito de ti...
pinxexa
Infelizmente esta e uma realidade lamentavel ainda nos dias de hoje. E e o que acho de mais lamentavel e as mulheres que se encontram nestas situacoes nao terem a forca moral de que necessitam para sairem da situacao.
Sao varias as razoes que as levam a tolerar uma situacao destas... ou porque pensam que merecem ou porque no caso de existirem criancas, devem manter a familia junta ou porque acreditam que nao tem outra escolha. Ora tudo isto nao pode estar mais longe da verdade!
Neste caso, nao entendo porque a mulher ainda esta a viver com o agressor quando o caso ja chegou a justica mas fico contente de saber que nao tiveste de o defender.
Abs
Pensadora, muitas vezes é a questão financeira que as impede de tomar uma decisão porquanto não t~em formas de subistência.
Mas, mais grave é quando a principal razão pela qual a vítima se mantém com o agressor assenta em questões culturais. De facto, e apesar de tal poder chocar qualquer um de nós, muitas das vítimas estão convencidas de que os maridos têm o direito de lhes bater.
Conforme alguns participantes deste blog sabem, durante alguns anos participei em inúmeros projectos sobre violência sobre as mulheres e maus tratos infantis pelo que tenho algum conhecimento sobre a matéria, par além da experiência que a barra do tribunal me vai dando.
Pensadora, acredita, a realidade tem um lado obscuro. Vou tentar voltar ao assunto, se possível ainda hoje.
Abraços
A agressão é um acto violento e ofensivo, quando praticado por um ser humano é uma demonstração gratuita de impotência e incompetência.
A submissão é um acto de humilhação quando praticado por um ser humano é uma demonstração gratuita de impotência e incompetência.
Porem, não nos esqueçamos que há razoes que há razão desconhece?
Ass. Cunhal
Razões não racionais há muitas, mas não são, de qualquer forma, justificáveis.
Fico contente por não teres que defender esse agressor!
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