A propósito de ter lançado o
passatempo “a Frase mais romântica de 2013”, recebi um mail dizendo que não
participava porque não concorda que existam dias específicos para comemorar
seja o que for pelo que é contra a existência do “Dia dos Namorados”.
Obviamente que tal mail me merece todo o respeito mas deu-me motivos para reflectir. É que a posição de ser contra ou a favor de algo tem
muito que se diga. É-se contra ou a favor por convicção? Por moda? Porque
parece bem dizer?
Não pretendo ter resposta para
tal pergunta. Apenas entendo que cada um de nós deve ter argumentos para defender as suas posições. E
todos serão legítimos.
Ficam aqui os meus.
Estou casada há quase 26 anos.
Já o afirmei neste espaço, nunca
fomos, nem somos, um casal perfeito (nem acredito que tal exista), mas sempre
fizemos questão de ultrapassar as crises. Porque ambos, ao longo da vida,
tivemos que lutar por aquilo que queríamos. Porque ambos somos amigos
incondicionais, cúmplices e leais. Porque vale a pena fazermos a caminhada
juntos e todos os dias é mais um dia do nosso percurso.
Tudo isto para dizer o seguinte:
ele não liga rigorosamente nada a datas.
Faço anos? Bom, o mais certo é
ele esquecer-se e como um pouco de sorte lá se lembra antes do dia acabar e
dá-me os parabéns por estar “um ano mais velha”. Fazemos anos de casados? Bom, aqui eu costumo
dizer na brincadeira que é dos tais dias que ele gosta de esquecer. Uma coisa é
certa: se lhe derem a optar entre um jantar romântico ou ir trabalhar, ele é
bem capaz de optar por ir trabalhar porque entende que jantares para comemorar
datas importantes são pura perda de tempo.
Eu sou o oposto mas tenho feito um esforço no
sentido de menorizar a sua importância para mim. É a única forma de mitigar as
desilusões. Porque, tenho que confessar, fico desiludida.
Não vejo qual seja o problema de comemorar datas específicas. Sejam elas os anos de casados, o dia dos namorados, o dia do pai, o dia da mãe, o Natal…
Há quem argumente que comemorar
datas específicas são meros momentos comerciais sem qualquer valor. Não posso concordar com tal argumento por uma simples razão: só são comerciais se as pessoas
derem essa valorização. Um jantar romântico, ou um jantar para comemorar uns
anos não tem que ser necessariamente num restaurante ou num qualquer outro
local em que se tenha que gastar valores absurdos de dinheiro. Quem pretende “revestir
ou embrulhar as datas” com “papel verde” carece, antes de mais, de imaginação.
E o argumento de que são eventos
que devem ser recordados todos os dias pelo que não deve ter uma data específica, comigo não colhe por uma razão muito
simples: a vida não nos deixa parar para pensar durante 364 dias do ano que
somos mulheres (homens), amantes, mãe (pai), filha(o)s… O stress diário impede-nos de lhes dar o devido
valor. De parar para “sentir”. Não vou dizer que seria ideal. Mas sejamos realistas.
Portanto, qual o mal de existir
um dia para parar para pensar e festejar a alegria de sermos quem somos, de ter
ao lado as pessoas que amámos? De termos um espaço temporal para viver os
sentimentos verdadeiramente importantes da nossa vida. De festejar a vida?
E antes que me perguntem: não,
não vou comemorar o dia dos namorados.
Porque tenho o passatempo? é a minha forma de
criar um espaço em que todos parem dois segundos que sejam e pensem na pessoa
que foi, é, ou pode vir a ser, importante.