segunda-feira, 13 de agosto de 2012

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"Há duas coisas a que temos de nos habituar,
sob pena de acharmos a vida insuportável:

são as injúrias do tempo e as injustiças dos homens."
Sébastien-Roch Chamfort


Recordo-me perfeitamente de uma conversa em particularque tive com o meu pai. Então, com a sabedoria que era reconhecida por todos aqueles que privavam com ele, o meu pai disse-me que uma das características que mais gostava em mim era o meu sentido de justiça mas que não tinha qualquer dúvida que seria essa minha característica que mais problemas me daria na vida adulta.
 
 
Não se enganou. Sou daquelas pessoas que privilegio o diálogo, a assertividades, o consenso. Não gosto de conflitos. Quando sei que uma discussão não leva a lado nenhum prefiro remeter-me ao silêncio.
 
 
Mas esta minha postura não funciona quando o que está em causa é aquilo que eu considero uma injustiça. E esta minha forma de ser trouxe-me mais prejuízos do que benefícios.
 
 
O meu pai tinha razão. Mas o curioso é que não me arrependo de ser como sou. Considero a injustiça, seja qual for a forma como ela se apresenta, execrável e que não deve deixar ninguém indiferente. Pactuar com uma injustiça é vender a nossa consciência.
 
 
Mas esta postura torna-se mais difícil quando se trata de gerir afectos e família.
 
 
O muito ou pouco que tenho é resultado apenas e tão só do meu trabalho e do meu companheiro de 25 anos. Nunca tivemos ajuda de nenhum familiar. Contudo, durante anos, e apesar de ter consciência que parte da minha família e do meu marido só se aproximavam de nós quando precisava de algo, fui "aguentando" alguns abusos.
 
 
Mas há um dia que temos de dizer "basta". Que temos que marcar uma posição definitiva.
 
 
E hoje foi um desses dias.
 
 
Com as filhas a passar férias com amigos tudo indicava que seriam umas férias a dois mas, uma vez mais, e face ao egoismo de uns  que é mais forte do que todos os planos que se façam, tive que dizer "não".  Mesmo que tal signifique assumir uma ruptura. Mesmo que tenha consciência que com tal decisão magoe quem mais amo e que tenha como resultado passar as férias sozinha em casa. 
 
 
Mas como sou daquelas pessoas que vejo sempre o lado positivo das coisas apenas vejo uma boa oportunidade de estar só, sem horários e sem preocupações com refeições.
 
 
Eu, os livros e a música como esta que estou a ouvir com o volume no máximo (vantagens de não se ter vizinhos perto).
 
 
Voltando ao pensamento de Sebastien Chamfort, com as injúrias do tempo, posso eu bem. Mas com as injustiças do homem? Nunca me habituarei...
 
 
 

3 comentários:

S* disse...

Tu és uma mulher cheia de força, esperta e genuína... mas há que saber dizer BASTA. Força.

GATA disse...

Tal como tu, com as injúrias do tempo, posso eu bem... Por essas e outras, cada vez gosto menos de pessoas...

Anónimo disse...



Por muitos motivos como o da NI, é que percebo que, com os seus silêncios naturais , os animais são os nossos melhores amigos.

:)

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Porque não defendo:guetos, delatores pidescos, fundamentalismos e desobediência civil. Porque defendo o bom senso