"Não há solidão inexpugnável. Todos os caminhos conduzem ao mesmo ponto: à comunicação do que somos. E é necessário atravessar a solidão e aspereza, a incomunicação e o silêncio para chegar ao recinto mágico em que podemos dançar com hesitação ou cantar com melancolia, mas nessa dança ou nessa canção acham-se consumados os mais antigos ritos da consciência; da consciência de serem homens e de acreditarem num destino comum.
Pablo Neruda, in 'Nasci para Nascer' (Discurso na entrega do Prémio Nobel)
Um dos textos que tive que preparar para o espectáculo de folclore dizia respeito a um grupo que vinha de Aller em representação das Astúrias.
Desconhecia o grupo pelo que me limitei, como sempre, a fazer uma pequena introdução histórica das Astúrias e terminar com o historial do próprio grupo.
No final do espectáculo é comum haver um pequeno convívio entre o rancho anfitrião e o grupo que vem do estrangeiro. Ontem não fugiu à regra.
O curioso é que entre as gargalhadas que provocaram as tentativas de ambos os grupos ensinarem as suas próprias danças, e enquanto um dos tocadores lançava os sons da gaita de foles, dei por mim a pensar que todo o esforço do ser humano se resume a não estar só. A partilhar um destino que, quer se queira ou não, é comum: o de viver.
Recordei-me então de um tema que era presença obrigatória num dos programas que tinha na rádio.
O tema é de 1975 mas continuo a gostar dele porque...
"Cantan con voz de hombre, pero donde están los hombres?
con ojos de hombre miran, pero donde los hombres?
con pecho de hombre sienten, pero donde los hombres?
Cantan, y cuando cantan parece que están solos.
Miran, y cuando miran parece que están solos.
Sienten, y cuando sienten parecen que están solos.
...
Cantad alto, oireis que oyen otros oidos
Mirad alto, vereis que miran otros ojos
Latid alto, sabreis que palpita otra sangre
No es más hondo el poeta en su oscuro subsuelo encerrado
Su canto asciende a más profundo,
Cuando abierto en el aire ya es de todos los hombres."
Rafael Alberti
2 comentários:
Ni :-)
Então o fim-de-semana valeu a pena. Sempre a aprender. Bom sinal!
Gosto muito dessa melodia, ouço-a muitas vezes... um tema muito bem escolhido.
Uma óptima semana. Beijos :-)
JP, estou sempre a aprender.
Por vezes as lições aprendem-se da pior forma. Com perdas. Mas sempre com consciência tranquila e mente aberta. Só assim é possível crescer enquanto ser humano.
Uma boa semana também para ti.
Beijos
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