Não te julgues um “incompreendido”, porque todos o somos. Dizeres-te incompreendido é supores-te privilegiado, com direito à compreensão alheia. Não te digas incompreendido. Vê antes se te compreendes a ti.
Virgílio Ferreira, in Pensar
Por opção, aproveitei a minha estadia em Bragança para estar algumas horas sozinha. Precisava de reflectir sobre tudo o que se tem passado nos últimos meses.
A necessidade que eu sempre tive de encontrar fundamentos e razões para tudo o que me acontece impede-me, muitas vezes, de relativizar o que é, de facto, importante e de fechar capítulos na minha vida.
Já o disse muitas vezes, este último ano terá sido o mais difícil para mim. Em termos pessoais, familiares e profissionais. O exercício que tentei fazer foi no sentido de saber até que ponto eu era responsável por tudo o que me aconteceu. Quem me conhece sabe que me entrego por inteira a tudo o que faço, vivo e sinto. Talvez por isso sinta as perdas de uma forma peculiar.
Mas, uma coisa é perder.. Outra coisa, bem diferente, é tentar encontrar razões e fundamentos quando não existem. A vida demonstra-nos que muitas coisas acontecem só porque têm de acontecer. Independentemente de contribuirmos, ou não, para um determinado resultado.
Nesta viagem pela minha própria incompreensão da vida cheguei à conclusão que por muito que façamos há sempre o incerto e o imponderável. Variantes para as quais não há justificação.
Não é importante saber porque perdemos. O importante é saber que perdemos. Sem drama. Sem subterfúgios.
Quiçá, por pura ironia, se conclua que enquanto perdedores saímos vencedores na arte de viver a vida de forma intensa.
Não tenho que me envergonhar por viver de forma intensa os meus afectos e as minhas emoções, porque é essência daquilo que sou. É isso que me individualiza enquanto ser humano. É assim que gosto de ser.
Talvez por isso, estou preparada para enfrentar a perda que, soube hoje, vou ter que enfrentar segunda-feira.
8 comentários:
concordo...
na vida tudo acontece por uma razão....
basta percebermos qual essa razao....
Estar sozinho/a !... tantas vezes encontramos "aí" o nosso melhor interlocutor e conselheiro!
Muitas vezes, como diz o poeta: “é preciso perder para encontrar”.
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Ainda bem que voltaste!
Eu Mesma, o problema é quando não entendemos. Mas acho que cheguei àquele momento das nossas vidas em que cansei de tentar saber.
Rui, antes de mais bem vindo a esta sala de estar. Concordo contigo mas é um pouco cansativo estar sempre a perder :)
Missanguita, achas?
Não tens de forma alguma de te envergonhar, és livre de fazeres o que quiseres! és assim e gostas de ser assim então que assim sejas!
Se queres saberes eu gosto de ti assim como és, porque essa é a tua verdadeira essência e é a única coisa que interessa, porque de pessoas falsas estou eu cansadinha!
Beijinhos!!!
Chocolate, neste momento adorava ser falsa. Passava incólume por todas as desilusões.
Deve ser óptimo ser-se falsa!
Era o que mais faltava envergonhares-te por seres como és....eu acho que é motivo de orgulho....muito!!!
BEIJOOOOOOO
Sadeek, tenho sérias dúvidas. Acredita.
:)
Beijo
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