terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Luta na blogosfera?


Tudo indica que decorre uma luta “titânica” na “blogosfera”.


A “moda” das editoras pretenderem editar livros baseados em textos publicados nos blogues e o número de visitas diárias, parecem ser os tópicos actuais.


“Mea culpa”.


Nunca me preocupei com estas questões e não tenho pretensões a ser escritora. Mais, ainda, não abdicaria dos meus princípios e valores (como alguns começaram a fazer), em prol de um protagonismo quiçá efémero.


Muito menos me preocupei com o número de visitas. Aliás, diga-se, em abono da verdade, em matéria de amizade prefiro a qualidade à quantidade. Também nunca tive laivos de líder de opinião. Para isso já temos os "Pachecos Pereiras". Sempre gostei mais de ouvir as opiniões livres de cada um.


Tal como o título do meu blogue indica, pretendi, apenas e tão só, criar um espaço onde os amigos se encontrassem e falassem do que entendessem com excepção de três temas que não entram em minha casa e entre amigos: religião, política e futebol. Nestas matérias cada qual que tenha a sua opção. Só falo destes temas fora do meu circuito familiar e de amizade, respeitando todos aqueles que fazem da discussão destes temas “profissão”.


Mas não se pense que não tenho ideias formadas sobre aqueles assuntos. Aliás, um blogue sobre política até era capaz de vingar ou não tivesse partilhado esse mundo, de forma activa, durante mais de 20 anos e não tivesse lido e escrito dezenas de discursos políticos.


Porquê a opção de falar do que somos e de como lidámos com os afectos?


Banal, dirão uns. Frases feitas, dirão outros. Vazio de conteúdo, dirão, ainda, outros.


Desculpem a minha falta de modéstia mas, na verdade, falar de afectos é bem mais complicado do que possa parecer. E demonstrar? Ainda pior...


É relativamente fácil criticarmos um político e/ou uma política governativa. E, ainda mais fácil, espezinhar o bom-nome e a honra mesmo sem provas, só porque está na moda a ignomínia.


Não é difícil defender a nossa fé, bastará acreditar.


E criticar aquele árbitro que se lembrou de marcar uma grande penalidade contra a nossa equipa de coração, quando toda a gente viu que foi falta do atacante que se lembrou de saltar para o costado do nosso defesa? Ainda mais fácil. Então quando não vimos o jogo mais fácil se torna...


Mas se perguntarmos a alguém porque razão tomou uma atitude e não outra, dificilmente terá uma resposta imediata. Se perguntarmos porque razão o seu sorriso é falso, ele pensará duas vezes antes de responder. Se perguntarmos a alguém qual é a definição de um qualquer afecto, ele olhará para nós antes de responder e, provavelmente, recorrerá a uma daquelas “frases feitas”, simplesmente porque alguém já pensou nisso antes e ele não tem tempo para pensar em “assuntos menores”.


É que, não é fácil falarmos de nós, daquilo que somos e a forma como interagimos com os outros, de e para a sociedade. É bem mais fácil vestir o fato da indiferença e/ou da “pseudo intelectualidade” com que encarámos o mundo diariamente.


Comecei a trabalhar aos 16 anos para tirar o curso que queria. Já ...perdi pessoas que amei, fui traída, feliz, sofri, ri, chorei, sonhei, acordei para a realidade...


No fundo, já vivi.


Mas, mesmo esta vivência não me dá total segurança para falar, convictamente, dos meus próprios afectos. Muito menos dos afectos dos outros...


Mas gosto de dizer o que sinto, mesmo que não saiba o que dizer...porque, simplesmente, gosto de entender.


Termino com mais uma frase feita:


“Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir.
O que confesso não tem importância, pois nada tem importância.
Faço paisagens com o que sinto”.

Fernando Pessoa



Talking Out Of Turn - The Moody Blues

4 comentários:

Cristina disse...

Confesso que deixei escapar uma lágrima. Inveitavelmente, identifico-me com o que escreveste.

Falar de nós, dos nossos sentimentos é que é uma luta titânica... ora somos tolos porque nos expomos, ora somos tolos porque na verdade, falar de amor e amizade já era.

Não consigo compreender... talvez por ser nova, talvez por ser ingénua, talvez por continuar a acreditar. Quem sabe um dia...

NI disse...

Cristina, talvez por duas ordens de razão:
1ª estamos muito ocupados com outros assuntos;
2º Ninguém gosta de se auto-analisar porque pode descobrir algo em si que não gosta.

Beijo

Gugui disse...

E é por essas e por outras que gosto de visitar o teu cantinho ;-)

Bjo gde

NI disse...

Gugui, sempre a palavra certa no lugar certo.

Obrigado.

:-)

Beijo

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Porque não defendo:guetos, delatores pidescos, fundamentalismos e desobediência civil. Porque defendo o bom senso