“Se escrevo o que sinto
é porque assim diminuo a febre de
sentir.
O que confesso não tem
importância,
pois nada tem importância.
Faço paisagens com o que sinto”.
Fernando Pessoa
Já perdi pessoas que amei, já fui
traída, já tive momentos felizes, já sofri, já sonhei, já acordei para a
realidade... No fundo, já vivi.
Mas, mesmo esta vivência não me
dá total segurança para falar convictamente dos meus próprios afectos. Muito
menos dos afectos dos outros...
Mas gosto de dizer o que sinto,
mesmo que não saiba o que dizer...porque, simplesmente, preciso de me entender.
Continuo sem saber definir o
amor, a amizade, o ódio, o ciúme, a inveja, a indiferença. Ai a indiferença…minha
eterna inimiga que faz questão de me acompanhar neste calcorrear da vida!
Sentir é a inevitabilidade da
vida. Porque o ser humano não é um ser isolado. É um ser que interage, que se
dá, que se entrega. E que recebe. Recebe por vezes aquilo que não merece e/ou
está à espera. E o que fica? O que aprendemos? Mudámos alguma coisa nesta
relação de "deve-haver"? Evoluímos enquanto seres humanos e parte das
relações que se estabelecem todos os dias? Ou fechámo-nos numa redoma porque é
mais seguro?
Assumo que nos últimos dois anos a
tentação de me resguardar na redoma tem sido uma doce ilusão. É o regresso à
segurança e ao aconchego do colo da nossa infância, mesmo na ausência desse
colo…
A música? Escolho a que estou a
ouvir neste exato momento...
2 comentários:
Gostei Ni do que escreveste, de Pessoa, obviamente e da Roberta Flack !
Ricardo, obrigada.
Quase que podia dizer que é três em um. :)
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