Tenho 47 anos de idade.
Trabalho desde os 16 anos de idade.
Nasci antes de ser implementada a democracia.
Vi nascer a democracia.
Vibrei com os sorrisos das pessoas no primeiro acto eleitoral pós 25 de Abril.
Assisti à união dos portugueses para manter a democracia.
Partilhei os sacrifícios quando da intervenção do FMI em 1977 e em 1983.
Convivi, nos últimos anos, com o egoísmo, o individualismo, a ausência de ética profissional, a falta de "coluna vertebral", a ignomínia, a corrupção, a cunha, a protecção e a elevação de "boys e girl´s" em detrimento da qualidade profissional.
Mas foi preciso chegar a 2012 para ver a ausência de esperança no olhar das pessoas.
Definitivamente, este não é o País pelo qual o meu pai e milhares de portugueses lutaram.
"...Não me obriguem
A vir para a rua
Gritar...
A vir para a rua
Gritar...
...Bem me diziam
Bem me avisavam
Como era a lei
Na minha terra
Quem trepa
No coqueiro
É o rei..."
Bem me avisavam
Como era a lei
Na minha terra
Quem trepa
No coqueiro
É o rei..."
José Afonso
A música é esta...
4 comentários:
Muito triste este nosso Portugal...
Ainda que não trabalhe desde os 16 anos de idade (comecei a trabalhar com 21, já estava na faculdade, mas eram trabalhos apenas para ganhar uns trocos), subscrevo todas as tuas palavras!!!
Só lamento que se tenha lutado tanto para se viver em liberdade, e hoje se viva em libertinagem, porque as pessoas não dão valor à democracia! Por essas e outras, o António de Santa Comba foi eleito, num concurso de televisão, como o Grande Português...
Tenho mais 8 anos e também me sinto assim. Como foi possível termos deixado que isto chegasse a este ponto? Tal como já comentei noutro blogue paraece que finalmente a gente mais jovem se começa a aperceber que tudo o que tinhamos não era dado adquirido e não foi dado de mão beijada. O mais triste é que vai ter de ser conquistado de novo. E, vão de ter de ser eles a fazê-lo. E quanto mais rápido melhor ou demorará muitos anos a reconquistar os direitos que agora se perdem e que são sagrados: direito ao trabalho, direito à saúde, direito à educação, direito à igualdade e direito a um futuro para os nossos filhos !
penso muitas vezes nisso.. tantos anos que levaram direitos e regalias a conquistar e foi tão fácil perdê-los...perdemos tudo, até a liberdade de reclamar sem ser imediatamente ameaçado com ...tenho cá 500 currículos para ocuparem o teu lugar.
O que se perdeu dificilmente volta.
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