Li pela primeira vez Alçada Baptista em 1982 quando tive que preparar o exame de cultura geral para ingresso na Faculdade.
Recordo-me, então, que o exame tinha apenas uma questão: “A leitura é a luz dos ignorantes. Comente”.
Ao contrário do que parece, foi fácil responder a esta questão. Talvez por isso, a minha melhor nota enquanto estudante: 19 valores.
E foi fácil, porque António Alçada Baptista, através da sua narrativa, fazia uma viagem pelas preocupações do interior do ser humano que cativava. O que mais ressaltava na sua obra era a mulher e o mundo dos afectos.
Não estarei muito longe da verdade se disser que o meu interesse pelo mundo dos afectos cresceu a partir do momento em que li Alçada Baptista.
Morreu hoje, mas os seus ensaios, crónicas e romances estão aí, como prova de que foi, e continuará a ser uma referência na vida cívica e cultural portuguesa.
E aqui fica um dos seus pensamentos:
"É muito difícil abarcar um universo onde as nossas rotinas andam misturadas com os nossos sonhos e com a tal harmonia do mundo onde espero esteja prevista a nossa alegria."
11 comentários:
NI
O que tu passaste para dizer que tinhas tido 19 na PGA ;)
Agora sem brincadeira: é tão verdade que é admirável que tenhas conseguido sintetizar a coisa, pelo que mereceste o 19.
NOTA: PGA em 1982????
Abobrinha, que queres? Se não fosse essa nota no exame de cultura geral e a minha nota em medicina legal, tinha sido uma nulidade na faculdade, ahahahahah
Em 1982? Claro minha querida. Tinha 17 aninhos, pois então. Pensas que eu tenho quantos anos? 33/34 anos? Quem dera, ahahahahah.
Beijos
É que eu fiz a última PGA em 1992 (eu tenho 34)! A prova durou 10 anos? A minha irmã não fez isso e é 4 anos mais velha que eu!
Uma vida que deixa marca...
Ola Ni..
Primeiramente, desconsidere a mensagem, eu não havia percebido que o link pra fazer comentarios estaria logo abaixo dos comentários feitos.!! hehe
Agora, eu não conheço por aqui esse escritor não, mas me pareceu de uma grandeza infinita. Vou ver no google se acho algum livro dele.
beijão
ricardo praça
www.forcadeexpressao.com
Abobrinha, no meu tempo não se chamava PGA. O que acontecia era o seguinte: candidatávamo-nos às faculdades estatais com a média que possuíamos do liceu. Depois, quem quisesse entrar numa universidade privada tinha que prestar 3 provas, sendo que os exames eram na própria faculdade.
Ora eu entrei na faculdade de direito de Coimbra só com a média que tinha do liceu que era, de facto, bastante elevada. Mas como o meu pai já estava a morrer só me deixavam ir para Coimbra se eu não ingressasse numa das duas privadas que existiam naquela altura no Porto. Para meu "azar" entrei nas duas. Resultado: acabei por tirar Direito no Porto mas não descansei enquanto não tirei uma pós graduação em Coimbra, já tinha então 33 anos e estava grávida da minha segunda filha. E com isto obrigaste-me a escrever um testamento...
:-)
Ricardo, esclarecida. De qualquer forma respondi-te, ahahahahahah
Beijos aos dois
Fiquei com imensa pena de se ter ido embora. Homem de grande valor.
Concordo Tinta.
É verdade... e mais: li este mesmo post no Público de segunda-feira, quando seleccionaram alguns blogues para recordarem a existência do António Alçada Baptista.
Em relação à sua vida e obra, só consigo dizer uma frase em latim, que coloco quando escrevo nos obituários: "Ars lunga, vita brevis". A vida é curta, mas a obra permanece. Beijo!
P.S: Quando puderem, passem pelo meu estaminé, que deixei umas coisas por lá. Estão todos convidados!
Pall Mall, deste-me uma novidade.
Mas António Alçada Baptista era, de facto, um autor que eu apreciava.
Beijos
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