domingo, 31 de agosto de 2008

No fundo não queremos ser entendidos?





Tenho que confessar que muitas vezes os temas que abordo são a sequência lógica dos comentários que os meus amigos vão deixando neste cantinho.

A propósito do pensamento para o fim-de-semana, o Pensador focou um ponto interessante. Afirmou ele que, e cito: “Muitas vezes pedimos alguém que nos entenda mas no fundo não queremos nada ser entendidos”. Será mesmo assim?


Vejamos:


Em tom de brincadeira, mas que assume uma verdade insofismável, eu costumo dizer que ninguém procura os advogados para evitar problemas. Nem, sendo um pouco mais radical, para resolver os problemas. Pelo menos não no sentido comum.

De facto, em quase 20 anos na área do direito criminal, posso com alguma legitimidade afirmar que mais de 80% das pessoas que defendi apenas queriam alguém com quem “partilhar” os seus problemas. No subconsciente dessas pessoas passará, quiçá, a ideia de que partilhando os problemas deixarão de existir, ou, no mínimo, serão mais fáceis de enfrentar.

Mas na partilha que ansiosamente procuram eles também querem ser entendidos.

Querem que alguém entenda porque fizeram algo que está errado. Ou, quando eles próprios não conseguem encontrar uma justificação plausível para um acto e procuram desculpabilizarem-se com razões incoerentes e ilógicas, querem que alguém partilhe dessa irracionalidade.


Desde aquele que praticou um mero ilícito contra-ordenacional, até aquele que roubou, violou ou matou, todos eles acabam por partilhar quase toda a sua vida. Mesmo que não tenha nada a ver com o caso. É como uma expiação que os fazem sentir mais humanos. Mas, para isso, têm que partilhar. Para isso, têm que saber que a outra parte os entende (mesmo que aparentemente).

Tudo isto para dizer o seguinte:

Quando pedimos a alguém para nos entender, o que queremos é partilhar. E, quando do outro lado está alguém disposto a partilhar, estamos, de facto, a ser entendidos porque era isso que desejávamos nesse momento.

O que a experiência da minha vida me tem demonstrado é que sou muito boa a partilhar.


Mas, o inverso, não é verdadeiro.



LOVE OF MY LIFE - QUEEN




10 comentários:

Djinn disse...

Compreendo perfeitamente...partilhar para desculpabilizar é uma coisa.
Eu penso que as pessoas querem ser entendidas, muitas vezes têm é dificuldade em transmitir essa necessidade.Muitas vezes dizem que não querem falar e acabam por transmitir de outra forma...

NI disse...

Djinn,

Há poucos dias coloquei um post que falava das características das mulheres de peixes e afirmei que me identificava com muitas das características aí descritas. Uma delas tinha a ver com o facto da mulher de peixes "... estar sempre presente e disposta a ouvir... Como têm uma intuição muito apurada, esperam que os outros também tenham, por isso detestam que lhes perguntem como se sentem. A pessoa que esta com uma nativa Peixes tem de a entender, sem que ela precise de verbalizar o seu estado de espírito, afinal é assim que ela procede com quem a rodeia..."

E isto é verdade. E, também por isso, afirmei que sou boa a partilhar mas o inverso não é assim tão verdadeiro.

Bjs

Cristina disse...

Antes de mais... obrigada pela música que é um espanto! Adoro Queen!

Mais... tens de começar a arranjar temas de discussão que não me obrigue a pensar muito depois das 20h00... pode ser prejudicial!

Continuando.

Tenho uma ligeira dificuldade em partilha o que se passa na minha vida. E quando digo "partilha" refiro-me a falar. Prefiro escrever. Sinto que faço mais sentido a escrever. É uma partilha diferente daquela a que te referes. Contudo, sei que sou uma boa ouvinte. Gosto de escutar as pessoas. Gosto de sentir que confiam em mim e faço tudo para não romper essa confiança.

Um beijooooo

NI disse...

Ahahahahah.

Quanto aos Queen, foi, é e será sempre uma das minhas bandas preferidas. Já esteve na música do dia mas hoje preciso de me convencer a seguir o conselho da Elkie Brooks apesar de saber que é quase impossível.

Temas que não façam pensar muito? Mas eu não falo de fado, não falo de futebol nem falo de religião, eheheheheh.

Falar de sentimentos é complicado, eu sei. Falar de nós próprios, ainda mais. Mas, não deixa de ser uma forma de nos conhecermos a nós próprios e, desta forma, conhecer os outros?

Gosto de escrever. Sempre gostei. As caixas que tenho com os meus escritos demonstram isso mesmo. Mas, acima de tudo, gosto de estar com alguém, olhar nos seus olhos e desvendar o que está atrás da máscara...


Beijos

mtheman disse...

como é que as mulheres não hão de ser complicadas meu deus :P

NI disse...

Mtheman, não comeces com as provocações.

Deve ser por isso que vocês homens andam sempre atrás de nós.

:-)

Bjs

Tinta Permanente disse...

Mais que partilhar, creio que as pessoas gostam de ser aceites pelas suas ideias, e sentir afinidades. Mais caro será ouvir um elogio ou exprimir um.
Beijinhos

NI disse...

Tinta permanente, pegando nas tuas palavras: mais do que ser aceites pelas ideias, as pessoas gostam de ser aceites por aquilo que são. Com as suas virtudes e os seus defeitos. E, obviamente, receber um elogio às vezes faz milagres.

Beijinhos

Anónimo disse...

Ai Ni que as tuas unhas dos pés pintadas de vermelho "sangue de boi" ficam-te a matar!!!!!!!
lol
bj
pinxexa

NI disse...

"Sangue de boi"? Não acredito, ahahahahahahah.

És impossível...

Ok. Mas conseguiste o que querias. Dei uma valente gargalhada. "Sangue de boi"? Continuo a não acreditar!

:-)

Bjs

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Porque não defendo:guetos, delatores pidescos, fundamentalismos e desobediência civil. Porque defendo o bom senso