quinta-feira, 25 de abril de 2019

45 anos de Liberdade...


Resultado de imagem para 25 de abril de 1974
Imagem do Arquivo da RTP


Tinha acabado de fazer nove anos.

Estava nas aulas quando vieram avisar a professora de que tínhamos todos de ir para casa. Tínhamos que ir rápidos e sem falar com ninguém.

A imagem que retenho é de me estar a aproximar de casa e ver a minha mãe na janela do quarto a dizer para ir mais depressa.

Cheguei a casa. A minha mãe olhou para mim e disse-me: "Filha, se tudo correr bem, o pai vem para casa."

Não retirámos os olhos da televisão sempre à espera de ver a cara dele à saída daqueles portões.

Só o veríamos no dia seguinte.

Nasci antes de ser implementada a democracia.

Vi nascer a democracia.

Assisti à união dos portugueses para manter a democracia.

Vibrei com os sorrisos das pessoas no primeiro acto eleitoral pós 25 de Abril.

Não contive as lágrimas quando votei pela primeira vez.

Partilhei os sacrifícios quando da intervenção do FMI em 1977 e 1983, e, quem diria, com a troika em 2011.

Convivi, nos últimos anos, com o egoísmo, o individualismo, a ausência de ética profissional, a falta de "coluna vertebral", a ignomínia, a corrupção, a cunha, a protecção e a elevação de "boys e girl´s" em detrimento da qualidade profissional.

Hoje vejo uma classe média a lutar para chegar o fim do mês sem qualquer ajuda ou apoio em contraponto com uma pseudo pobreza acomodada e um número crescente, mas restrito, de milionários.

Hoje, continuo a questionar-me se este é o País pelo qual o meu pai e milhares de portugueses lutaram.

Questiono-me quando vejo a forma como as pessoas banalizam a liberdade. Essa mesma liberdade que custou a prisão e a morte de muitos que por ela lutaram.

A música de hoje? Várias. Do Poeta da minha terra. Adriano Correia de Oliveira.





1 comentário:

Ricardo Santos disse...

Tenho mais 11 anos que tu, fiquei a saber :)... e perfilho do que aqui dizes, Ni !... e também do Adriano !!!

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