quinta-feira, 5 de julho de 2007

VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES

Caros Amigos:

Trago hoje um tema que me é muito caro.

Sem qualquer outro comentário, aguardando pelos vossos, tomo a liberdade de colocar aqui uma notícia do Jornal "O Público", on line.

"Trinta e nove mulheres morreram vítimas de violência doméstica em 2006 05.07.2007 - 16h36 Lusa

Trinta e nove mulheres portuguesas foram mortas em 2006 pelos seus maridos ou companheiros e 43 ficaram gravemente feridas, segundo um estudo apresentado hoje, em Lisboa, pela presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.O documento foi divulgado durante um seminário do Conselho da Europa, a decorrer em Lisboa, que abordará a recolha de dados como um requisito para políticas eficazes de combate à violência contra as mulheres.Este é o terceiro de cinco seminários integrados na campanha do Conselho da Europa para combater a violência contra as mulheres lançada em Novembro, em Madrid.Arménia, Chipre, Geórgia, Itália, Malta, São Marino, Eslováquia e Ucrânia foram os países convidados para participar no encontro. Ocorrências registadas quase duplicaram
a presidente da Comissão para a Igualdade, Elza Pais, nos últimos seis anos (entre 2000 e 2006), o número de ocorrências de violência doméstica registadas pelas forças de segurança quase duplicou, passando de 11.162 para 20.595.Para os peritos, este indicador não deverá corresponder a um aumento da violência mas a uma maior visibilidade do fenómeno, levando assim ao crescimento das denúncias.Os dados hoje revelados indicam que 87 por cento das vítimas de violência doméstica em 2006 eram do sexo feminino e 13 por cento do sexo masculino.212 condenações no ano passadoAinda no âmbito do homicídio conjugal (que representa 16,4 por cento do homicídio geral), o documento revela que em 2006 foram condenadas a cumprir pena de prisão 212 pessoas com idades entre os 21 e os 51 anos, de nacionalidade portuguesa.
Elza Pais, diversos estudos internacionais sugerem que muitas das mortes de mulheres são cometidas em contactos de violência conjugal.Pesquisas feitas na Austrália, Canadá, Israel, África do Sul e Estados Unidos demonstram que entre 40 e 70 por cento das mulheres assassinadas anualmente foram mortas pelos maridos ou namorados em contextos de violência conjugal.Nos E.U.A, por exemplo, aproximadamente um em cada três homicídios de mulheres são de natureza conjugal, enquanto no Reino Unido 120 mulheres são mortas por ano pelo cônjuge ou companheiro.Em Espanha, cem mulheres são mortas pelos seus actuais ou ex-companheiros em cada ano, estimando-se que, por semana, uma mulher espanhola morra nas mãos do seu companheiro.
Portugal no bom caminho
Em muitos países as "questões de honra" contribuem também para a morte de muitas mulheres e em diversas sociedades a "honra" de um homem está directamente relacionada com "a pureza" da mulher da família.
No encontro de hoje, Mendes Bota, vice-presidente do Comité para a Igualdade entre Mulheres e Homens da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, revelou que pelo menos 80 milhões de mulheres dos países da comunidade europeia já sofreram de violência doméstica.Segundo Mendes Bota, Portugal tem feito um percurso exemplar no combate e prevenção do problema, mas ainda não foi suficiente para travar o número de mortes anuais"

8 comentários:

Francisco o Pensador disse...

Ni,prometo comentar amanhã sobre este post.
É um assunto muito melindroso,para o qual é nescessário uma opinião muito lúcida e séria.

Até amanhã.

Abs.

NI disse...

Sem dúvida que o é.

*tεrεsα* disse...

Ni,
Comento mais tarde ou amn.
Bjs.

Anónimo disse...

Hoje no jornal (continuo a ler o público)está uma notícia sobre a condenação de um homem que matou um pedreiro (não percebo e recuso-me a perceber a designação "trolha") por este ter dado uns piropos à namorada... Pergunto-me como é que há espíritos que podem ser tão pobres, tão pequenos, tão irracionais. Tal como os agressores domésticos. Ao mesmo tempo digo: como é que podes ser tão cândido?! Decerto que sim, que é um assunto delicado e não sei bem por onde começar. Talvez fazendo notar que há muitas criaturas que advogam o direito de propriedade sobre a mulher. Parece que estamos num tempo de lei de talião. Enfim, faço notar que a lei deve ser bastante rígida e verdadeiramente efectiva nestes casos, salvaguardando todos os interesses das vítimas. A pergunta é tão simples quanto esta: que direito tem um homem de infligir a uma mulher maus tratos, dando cabo, pura e simplesmente, da vida desta. São possíveis distúrbios, mazelas, e um constante desiquilíbrio. O que eu espero que aconteça é que continue a haver estruturas que permitam salvaguardar os direitos destas pessoas e que elas próprias digam para si mesmo que querem viver. Bem sei que o medo pode ser terrível, até quase intransponível. Mas nestes casos,em que não se consegue fazer a denúncia, penso que os vizinhos, uma vez na vida, têm verdadeiramente um papel a desempenhar. A denúncia pode ser anónima. E, de acordo com a notícia, pode ser eficaz.

Francisco o Pensador disse...

Ni,ainda não consegui arranjar tempo para este tema.
Cada vez que ligo o computador,tenho mil mensagens a minha espera!

É o preço de aceitar-mos os beneficios da democracia!
Em vez de nos fecharmos do mundo e ficarmos orgulhosamente sós,todo a gente nos procura...

O luis já fez uma boa abertura e logo que possa,cá estarei eu!

Abs

Francisco o Pensador disse...

Bem...este tema terá que ser desenvolvido a medida que as opiniões vão aparecer.

O luis já abriu um bom caminho e trilhando o mesmo,gostaria de acrescentar:

Os maus tratos as mulheres sempre existiram.
Na minha opinião o problema já vêm de muito longe...
A europa,em termos de visão do estatuto da mulher,já foi outrora como é actualmente o Islão!
Se antigamente era considerado normal chegar bêbado a casa e dar um enxerto de porrada a mulher e quiçã mata-la...hoje a mulher é totalmente autonoma (não precisa do homem para sobreviver..)e já quer conquistar e afirmar no seio da sociedade a sua posição independente.
Só que os homens ainda não se convenceram disso...
Lá está ainda o chamado orgulho!
Ainda têm aquela mentalidade do Estado Novo,de que a mulher competia ser mula de carga,vassoura ambulante,fabrica de filhos e saco de boxe!!

Existe uma parte do texto, no post que me chamou a atenção e que passo a citar:
«..Em muitos países as "questões de honra" contribuem também para a morte de muitas mulheres e em diversas sociedades a "honra" de um homem está directamente relacionada com "a pureza" da mulher da família...»

Esse texto fez-me lembrar uma história que aconteceu de verdade nas minhas redondezas.
Havia um homem casado que gostava muito de frequentar "boites" e gastar uma grande parte do seu salário no chamado "bilhar grande"!
(acho que todos sabem o que é suposto ser..)
Então inventava uma série de desculpas para chegar tarde..
-Mulher,hoje tenho que ficar até muito tarde..
- Tenho uma avaria no carro e estou a espera do reboque,etc..etc..

Um dia,quis visitar os moinhos de Paradela com outro colega e inventou mais uma desculpa para chegar atrasado..
E a mulher disse que estava bem...
Só que quando tocou a campainha dos "moinhos",quem lhe abriu a porta foi precisamente a mulher d'ele que estava vestida em trajes muito curtos e provocantes!!!!
A mulher costumava aproveitar os atrasos do marido,para ganhar uns escudos por fora e colmatar as "falhas de ordenado" do marido,porque tinha 3 filhos para manter!!

Que aconteceu então?
O marido foi buscar a caçadeira a casa e queria mata-la porque a "honra" d'ele tinha sido manchada!!!

Perceberam?
Ela não podia ter queixa de ele trai-la constantemente,mas ele tinha "a honra manchada"!!

Conclusão..

O casamento é um elo sagrado que une duas pessoas e que só functiona quando ambas as partes sabem/aceitaram o compromisso que nos é exigido!
Temos que honrar esse compromisso!
Não podemos agir como se o conjugue fosse "uma coisa",um "objecto", uma "propriedade"!!
E se as coisas não funcionarem num casal,temos obrigação de agir!!


É tudo por agora...

Aguardo novas opiniões.

Abs.

NI disse...

Caros Amigos:

Conforme já afirmei, este assunto assume alguma importância para mim.

De facto, de alguns anos a esta parte tenho vindo a colaborar com instituições que actuam sobre este problema, bem como com o problema do trabalho infantil.

Mas quanto à violência sobre a mulher podemos dizer que se encontra enraizado na cultura e nas tradições de muitos países, A sua prática atravessa os tempos.

A mulher sofre diversas formas de violência.

Abordar esta questão não é fácil e agir sobre é difícil. Em abono da verdade devemos dizer que a violência não incide apenas sobre as mulheres mas, também, sobre as crianças, os deficientes e os mais idosos.

Mas um facto é indesmentível: a grande maioria dos casos de violência são exercidos sobre as mulheres pelo seu marido ou pelo seu companheiro.

Talvez por isso, em 1999, as Nações Unidas (ONU) designaram, oficialmente, o dia 25 de Novembro como Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher.A data está relacionada com a homenagem a Tereza, Mirabal-Patrícia e Minerva, presas, torturadas e assassinadas em 1960, a mando do ditador da República Dominicana Rafael Trujillo.

A violência física é uma das expressões extremas das formas que pode revestir e é no espaço doméstico que ela é mais frequente e apresenta variadas formas.
Por incrível que possa parecer, todos os estudos indicam que o lugar menos seguro para a mulher é a sua própria casa. Segundo dados mundiais, o risco de uma mulher ser agredida em casa, pelo marido, ex-marido ou actual companheiro, é nove vezes maior do que o de sofrer alguma violência na rua.

Mais incrível ainda, é a cumplicidade da sociedade face a este problema com a consequente impunidade.

È verdade que a recente alteração legislativa (que passou a considerar a violência conjugal como um crime público), passando o problema a ser encarado como um problema social a combater, tem vindo, de forma gradual a transformar este fenómeno mais visível.

Mas, não é menos verdade, que só chega ao conhecimento das autoridades aqueles casos em que a mulher necessita de cuidados médicos.

Facto curioso é o número significativo de casos provenientes das classes alta e média alta, contrariando a ideia de que a violência contra a mulher é consequência da pobreza ou da falta de escolaridade. Mais, ainda, é preocupante o número significativo de casos entre jovens namorados.

Os actos ou ameaças de violência, infundem medo e insegurança, mas não só. De facto, são inúmeras as consequências psicológicas da violência que podemos enumerar: depressão, sensação de abandono, incapacidade de actuar, pânico, etc.

Tal como o problema do racismo, que é um problema de todos e de nenhuma raça em particular, também, o problema da violência contra a mulher, é um problema de todos e não apenas das mulheres.


Perguntar-se-á: que medidas para minimizar este problema? Sobre esta matéria tentarei voltar mais tarde dado que o meu tempo hoje é diminuto.

Abraços e Beijos para todos e um bom fim-de-semana.

Antonio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.

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