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Li pela primeira vez Alçada Baptista em 1982 quando tive que preparar o exame de cultura geral para ingresso na Faculdade.
Recordo-me, então, que o exame tinha apenas uma questão: “A leitura é a luz dos ignorantes. Comente”.
Ao contrário do que parece, foi fácil responder a esta questão. Talvez por isso, a minha melhor nota enquanto estudante: 19 valores.
E foi fácil, porque António Alçada Baptista, através da sua narrativa, fazia uma viagem pelas preocupações do interior do ser humano que cativava. O que mais ressaltava na sua obra era a mulher e o mundo dos afectos.
Não estarei muito longe da verdade se disser que o meu interesse pelo mundo dos afectos cresceu a partir do momento em que li Alçada Baptista.
Morreu hoje, mas os seus ensaios, crónicas e romances estão aí, como prova de que foi, e continuará a ser uma referência na vida cívica e cultural portuguesa.
E aqui fica um dos seus pensamentos:
"É muito difícil abarcar um universo onde as nossas rotinas andam misturadas com os nossos sonhos e com a tal harmonia do mundo onde espero esteja prevista a nossa alegria."