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"O preço da fidelidade é a eterna vigilância."
Millôr Fernandes
Nunca me impus a ninguém nem nunca me fiz de auto-convidada. Quem quiser a minha companhia tem exactamente a mesma liberdade daqueles que optam por não estar.
Abomino qualquer tipo de controlo em termos de afectos.
Estou casada há quase 24 anos e nunca abri uma carta dirigida ao meu marido. Nunca vasculhei os bolsos ou a carteira. Não se trata de uma confiança cega. Trata-se de respeito. No dia que me deparar com uma infidelidade farei o que bem entender mas daí a vigiar...era só o que me faltava!
O mesmo se aplica em termos de amizade.
Pierre Simon tem uma frase curiosa:
é necessário aceitar que os outros tenham segredos,
regiões de solidão.
A maior prova de amor será colocar-se à distância
e não querer aí penetrar."
Por vezes podemos confundir a necessidade que cada ser humano tem para o seu próprio "eu" com a suspeita de uma eventual infidelidade. Muitas vezes a falta de percepção para uma realidade que é intrínseca a todo o ser humano leva-nos a tomar atitudes irreflectidas e a criar situações que culminam muitas vezes em rupturas.
A dar o tiro fatal numa relação sem existir qualquer motivo.
A ponderação, o respeito, a confiança e, acima de tudo, o diálogo são mais do que suficientes para termos a certeza de que em caso de infidelidade seremos os primeiros a saber, por quem de direito, em vez de nos armarmos em Poirot´s sem bigode...