Eu não vos disse que as minhas viagens são sempre surpreendentes?
Até Lisboa, tudo normal.
Como tinha uma hora de espera decidi ir até ao Vasco da Gama (pois é Sadeek, tive a mesma ideia).
O objectivo era comer qualquer coisa e voltar para a estação. O problema é que sou gaja. E gaja que se preze tem sempre que olhar para uma montra ou duas e, de preferência, entrar, pelo menos, numa loja. E foi o que esta menina fez. Quando olhou para o relógio faltavam apenas 20 minutos para o comboio e não queria arriscar chegar tarde. Lá se ia a comida mas tinha sido por uma boa causa.
Eis senão quando, reparo que me faltava o casaco. Toda catita vou ter com um segurança no sentido de tentar descobrir se alguém tinha entregue um casaco. E não é que ainda há pessoas honestas? Tinham encontrado o meu casaco e entregue na administração. Lá vou eu à pressa buscar casaco e abro a carteira para ligar para a minha filha mais nova para saber como lhe tinha corrido o teste de química.
Para, disse bem. Porque telemóvel...já era...
Entretanto, faltavam já 8 minutos para o comboio.
Com cara de menina bem comportada perguntei ao segurança se com o casaco não teriam entregue um telemóvel, ao que o segurança me respondeu: "Não acha que era sorte a mais"?
Sorte a mais? Mas se há pessoa que precise de sorte sou eu, ora bolas.
Resmungando sozinha decido ir a correr para o comboio dado que a hora se aproximava.
Eis senão quando (pois é, a história não acaba aqui), tenho a brilhante ideia de entrar na dita loja que tinha andado a ver e perguntar se alguma alma bondosa não teria encontrado o telemóvel. E não é que encontraram? Ah, pois é. Afinal o segurança estava enganado.
Agora só faltava atravessar a estrada, subir as escadas e entrar no comboio em apenas 3 minutos.
Apesar da gordurinha a mais ainda sou bastante ágil e lá consegui entrar no comboio quando já se preparavam para fechar as portas.
Confesso que estava contente comigo mesma. No final tudo tinha corrido bem e coloquei um sorriso triunfalista.
Eis senão quando... (pensavam que acabava aqui?).
"Senhores passageiros, em virtude de um descarrilamento em Alcácer do Sal, este comboio terminará a sua marcha em Setúbal. Os senhores passageiros deverão aguardar pelo transporte alternativo que os levará até Grândola".
Bom, fiquei descansada porque o meu destino era Setúbal. O problema é que muitos optaram por escolher o táxi em vez de aguardar pelo transporte alternativo e quando vou a ver estavam 14 pessoas à minha frente. Lá ia eu perder o "ferry" das 14.50.
No início da fila estava um casal de holandeses a quem eu tinha ajudado a descer do comboio. Nisto olham para mim e perguntam-me para onde vou. Depois de responder eles disseram que tinham todo o gosto que eu os acompanhasse no táxi. Nem hesitei. Ainda ofereci para pagar a minha parte mas eles recusaram. Confesso que não insisti porque eles nem pestanejaram quando o taxista os informou que até Grândola teriam que pagar 75 euros.
Finalmente no cais, a tempo e horas, pude comprar o bilhete para o catamaran (e não ferry) e chegar ao hotel.
Ah, é verdade, Tróia é rodeada por uma paisagem magnífica e, segundo me informaram, estou instalada no melhor hotel.
Sorte? Claro que não. Eu mereço!
Ufa, estou cansada e o Congresso ainda não começou...