sábado, 8 de agosto de 2009

Parabéns Mãe!

Se fosses viva farias hoje 69 anos.

Nunca escrevi nada sobre ti.

É-me difícil, sabes.

Se tivesse que nomear um exemplo como mulher, serias tu.

Se tivesse que nomear uma lutador nata, serias tu.

Se tivesse que nomear uma pessoa íntegra, serias tu.

Não tenho qualquer dúvida que gostavas de mim. Mas eramos completamente diferentes.

Não havia dia que não pensasse que era uma desilusão para ti.

Não havia dia que não pensasse que, por mais que fizesse, nunca ficarias satisfeita.

Não havia dia que não desejasse ter a cumplicidade que tinhas com as outras.

Talvez por isso, nunca me abri contigo. Nunca te contei os meus problemas, os meus sonhos, as minhas angústias. Sempre tive receio da crítica que vinha a seguir.

Dizias, muitas vezes, que eu era uma pessoa fria. Sinceramente, não creio. Apenas tinha medo de me expôr.

Mas sabes que estive lá quando precisaste de trocar de papéis. Quando fui a mãe e tu a filha.
No dia em que partiste, olhaste-me nos olhos e pediste-me desculpa.

Nessa altura, no teu olhar soube que me amaste incondicionalmente, tal como eu sempre te amei.

Nessa altura, soube que nunca o demonstramos porque, simplesmente, não havia necessidade.

Porque, no fundo, sempre o soubemos.

Porque, no fundo, sempre nos entendemos na nossa diferença.

Alguns anos após a tua partida, e com a sabedoria que a idade nos vai dando, sei que tiveste que assumir muito cedo o papel de pai e de mãe de três raparigas. E foi em mim que confiaste para partilhar essa responsabilidade.

A mesma responsabilidade que me obrigou a crescer antes do tempo.

A mesma responsabilidade que fez a mulher que sou hoje.

E essa herança devo a ti.

Hoje farias 69 anos. No mesmo dia em que morreu o teu actor de eleição. Raúl Solnado.

Coincidências...


Nota - Peço desculpa por este post não estar aberto a comentários.



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