Natal, e não Dezembro

Quem acompanha este blog desde o início sabe que ele começou por ter como contribuidores "3 mosqueteiros": o Francisco, a Teresa e eu própria. Após algumas conversas decidiu-se por unanimidade que passaria a ser um blog com apenas um contribuidor.

Mas estamos no Natal. Uma época de partilha. A Teresa mandou-me um mail e uma mensagem para o telemóvel a desejar um Bom Natal. Aproveito uma das mensagens dela.

Hoje, o post é dela apesar de recordar um belíssimo tema de David Mourão Ferreira.

Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.

- David Mourão-Ferreira -